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Eu sou o Alain Buffard, sou coreógrafo e vim de Paris, França.
A peça que vão ver esta noite, '(Not) a Love Song'
é uma peça em grande parte musical
é a primeira vez que eu trabalho com um músico ao vivo
E de fato experimento aqui, pela primeira vez,
contar uma história através de duas comediantes,
duas mulheres que pretendem ser comediantes.
É sobre a evolução do trabalho delas,
o processo de envelhecimento,
o fato de ser artista desde que se tenha um trabalho
mas não se sabe de fato se todas as pessoas na peça...
se elas são realmente as duas comediantes que existiram em Hollywood
ou se são duas mulheres que pretendem ser comediantes.
Portanto a peça trata do artifício do teatro,
do artíficio do espetáculo em geral.
O total é ao mesmo tempo musical, teatral com muitas referências cinematográficas.
Como podem ver no palco, é um palco de cinema, de gravação e televisão
e muito musical, com um trabalho de arranjos e adaptação
de standards musicais muito conhecidos.
Nesta peça, em relação às canções muito conhecidas,
e às imagens que temos das canções,
eu tentei deslocar completamente das imagens pré construídas
e dos clichés que essas canções têm,
e ter outra coisa completamente diferente.
E esse foi o caminho para mim, a partir das palavras das canções
construir toda a peça, e esse foi um processo completamente novo para mim.
E isso foi feito graças aos performers, que são à priori bailarinos,
mas que cantam durante todo o espetáculo,
e que são performers excelentes!
-Porquê que escolheu para o figurino Chanel, Christian Lacroix...
Precisamente porque é a história de mulheres, de Hollywood,
com a nostalgia dos anos 50, 60, durante a idade de ouro de Hollywood
Além da relação com 'Sunset Boulevard' com Gloria Swanson
todas as outras referências cinematográficas são acima de tudo
Antonioni, Monica Vitti, Fassbinder, etc.
Portanto eu não as poderia vestir com as roupas do dia a dia.
Deveria fazer qualquer coisa de chique,
por hábito em nunca fiz isso nos meus espetáculos
e por isso aqui eu me desembrulhei para conseguir
esses vestidos e roupas da Chanel, Lacroix e Yohji Yamamoto
- E a vossa experiência no Brasil tem corrido bem?
Sim, muito bem, a recepção do público ao trabalho
é muito diferente de uma cidade para outra,
porque... é precisamente a vida dos espetáculos
é viver com as várias reações do público.
Mas o problema aqui no Brasil é que apresentámos em teatros clássicos
e não há o material necessário para poder
colocar a luz no limite do palco,
por isso há sempre uma espécie de vazio entre os comediantes e o público
o que nunca é bom, mas bom.. é assim.
Por isso as reações foram muito diferentes de uma cidade para outra.
- Você já fez os festivais Belo-Horizonte...
Nós já fizémos Belo-Horizonte, Santos, Recife e Fortaleza.
- E foi sempre diferente...
Sim, foi sempre muito, muito, diferente
Isso também se deve à configuração dos teatros
Em Fortaleza o teatro é muito bom, mas muito mal feito para a visão do público
Em Belo-Horizonte a programação é muito pensada pela Adriana Banana
Eu penso que também para chamar um certo público
aqui eu acho que será um encontro muito diferente,
porque já há uma tradição com o Panorama
e o público carioca já está habituado a ver muitas coisas
por isso espero que seja um público capaz de ver um espetáculo de dança clássico!
- Sim, nós também esperamos. Obrigado.