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O HOBBIT
Meu querido Frodo.
Uma vez você me perguntou...
se eu lhe havia contado tudo sobre as minhas aventuras.
Pois, embora eu possa dizer que contei a verdade...
posso não tê-la contado por completo.
Estou velho agora, Frodo.
Não sou mais o hobbit que já fui.
E acho que é hora de você saber...
o que realmente aconteceu.
Começou muito tempo atrás...
em uma terra muito distante a leste.
O tipo de lugar que você não encontra no mundo hoje.
O CONDADO
Havia a cidade de Valle.
Seus mercados eram muito conhecidos.
Repletos das melhores iguarias da região.
Pacífica e próspera.
Essa cidade ficava em frente às portas do maior reino da Terra-média.
Erebor.
Fortaleza de Thror, Rei sob a Montanha.
O mais poderoso dos Senhores Anões.
Thror governava com confiança absoluta...
nunca duvidando de que sua família perduraria...
pois sua linhagem estava assegurada nas vidas de seu filho...
e seu neto.
Ah, Frodo. Erebor.
Construída no interior da própria montanha...
a beleza dessa cidade fortaleza era lendária.
Sua riqueza estava na terra...
em pedras preciosas extraídas da rocha...
e em grandes veios de ouro...
correndo como rios pelas pedras.
A habilidade dos anões era inigualável.
Criavam objetos de grande beleza...
feitos de diamante, esmeralda, rubi e safira.
Eles chegaram a cavar bem fundo, descendo até a escuridão.
E foi lá que eles o encontraram.
O Coração da Montanha.
A Pedra Arken.
Thror a chamou de "A Joia do Rei".
Ele interpretou como um sinal de que seu direito de governar era divino.
Todos deveriam reverenciá-lo.
Até mesmo o grande Rei Élfico Thranduil.
Mas os dias de paz e fartura não duraram.
Aos poucos, os dias se tornaram amargos...
e as noites de vigília vieram.
O amor de Thror por ouro ficou intenso demais.
Uma doença começou a crescer dentro dele.
Era uma doença da mente.
E, quando a doença avança...
coisas ruins acontecem.
Primeiro, ouviram um ruído como de um furacão vindo do norte.
Os pinheiros das montanhas rangeram e se quebraram com o vento quente.
Balin, toque o alarme.
Chamem os guardas. Chamem agora!
O que foi?
Dragão.
Dragão!
Era um dragão de fogo do norte.
Smaug havia chegado.
Muita crueldade gratuita foi perpetrada naquele dia...
pois aquela cidade de homens não era nada para Smaug.
Era em outro tipo de presa que ele estava de olho...
pois dragões almejam ouro com um desejo feroz e sombrio.
Não!
Vamos!
Erebor foi tomada.
Pois um dragão defenderá seu saque...
enquanto tiver vida.
Corram, salvem-se!
Ajudem-nos!
Thranduil não arriscaria as vidas de seu povo contra a fúria do dragão.
Nenhuma ajuda veio dos elfos naquele dia.
E nem depois.
Destituídos de sua terra natal...
os anões de Erebor vaguearam pelas terras selvagens.
Um povo poderoso, agora derrotado.
O jovem príncipe anão aceitou trabalho onde ofereceram...
trabalhando em vilarejos de homens.
Mas sempre ele se lembrava da fumaça da montanha sob a lua...
das árvores como tochas, ardendo intensamente.
Ele tinha visto o fogo do dragão no céu...
e uma cidade virando cinzas.
E ele jamais perdoou...
e jamais esqueceu.
Foi aí, querido Frodo, que eu entrei.
Pois, um tanto por acaso e pela vontade de um mago...
o destino decidiu que eu faria parte deste conto.
Começou...
Começou como você deve imaginar.
Numa toca no chão...
vivia um hobbit.
Não uma toca suja, úmida, cheia de vermes e com cheiro de lodo.
Era a toca de um hobbit.
E isso significa boa comida, uma lareira quente...
e todo o conforto de um lar.
Obrigado.
O que é isso?
É particular. Mantenha suas mãos grudentas longe.
Ainda não está pronto.
Não está pronto para quê?
Para ler.
O que são essas coisas?
Respostas para os convites da festa.
Pelos poderes! É hoje?
Todos dizem que virão.
Menos os Sacola-bolseiros, que exigem que os convide pessoalmente.
É mesmo? Só sobre o meu cadáver.
Provavelmente eles achariam muito bom.
Parecem achar que você tem túneis cheios de ouro.
Era um pequeno baú, e nem estava tão cheio.
E ainda cheira a troll.
O que você está fazendo?
Tomando precauções.
Já a peguei tentando levar a prataria uma vez.
-Quem? -Lobélia Sacola-bolseiro.
Todas as minhas colheres estavam no bolso dela.
Mulher horrorosa.
Fique de olho nela depois que eu...
Quando eu...
Quando você... o quê?
Não é nada. Nada.
Algumas pessoas começam a comentar sobre você, tio.
Acham que está ficando estranho.
Estranho?
Insociável.
Insociável, eu? Bobagem.
Seja um bom rapaz e ponha isso no portão.
entrada permitida só para organizadores da festa
-Acha que ele virá? -Quem?
Gandalf.
Não perderia a oportunidade de mostrar seus fogos de artifício.
Ele dará um espetáculo, você verá.
-Certo. Eu estou indo. -Para onde?
A Floresta da Quarta Leste. Vou surpreendê-lo.
Bom, pode ir, então. Não vai querer se atrasar.
Ele não gosta de atrasos.
Não que eu me atrasasse.
Naquela época, eu sempre era pontual.
Eu era inteiramente respeitável...
e nada de inesperado...
jamais acontecia.
UMA JORNADA INESPERADA
60 Anos Antes
-Bom dia. -O que quer dizer?
Está me desejando um bom dia...
ou dizendo que o dia está bom, queira eu ou não?
Ou talvez queira dizer que se sente bem neste dia em particular?
Ou está simplesmente dizendo que este é um dia para se estar bem?
Tudo isso ao mesmo tempo, acho.
Posso ajudá-lo?
Isso nós vamos ver.
Estou procurando alguém para participar de uma aventura.
Uma aventura?
Não sei de ninguém a oeste de Bri que tenha interesse em aventuras.
São coisas desagradáveis, perturbadoras e desconfortáveis.
Atrasam você para o jantar.
Tenha um bom dia.
E pensar que eu viveria para ouvir um "passar bem"...
do filho de Beladona Túk, como um mascate batendo de porta em porta.
O que disse?
Você mudou. E não totalmente para melhor, Bilbo Bolseiro.
Desculpe, eu o conheço?
Sabe meu nome, embora não lembre que ele é meu. Sou Gandalf.
E Gandalf significa...
eu.
Gandalf? O mago errante que fazia fogos de artifício fantásticos?
O velho Túk os soltava na véspera do solstício de verão.
Não sabia que ainda estava na ativa.
Onde mais eu poderia estar?
Onde mais...
Fico feliz de saber que você se lembra de algo sobre mim...
ainda que só dos meus fogos de artifício.
Sim. Bom, está decidido.
Será muito bom para você.
E muito divertido para mim.
Vou informar os outros.
Informar quem? O quê? Não. Não, espere.
Não queremos nenhuma aventura aqui, obrigado. Nem hoje nem...
Sugiro que procure Colina acima. Ou do outro lado do Água.
Passar bem.
Dwalin... às suas ordens.
Bilbo Bolseiro... às suas.
Nós nos conhecemos?
Não.
Onde é, meu jovem? É aqui embaixo?
-É o quê? Embaixo de onde? -O jantar.
Ele disse que haveria comida. E muita.
Ele disse? Quem disse?
Isto é muito bom. Tem mais?
O quê? Ah, tem, sim.
Sirva-se.
Acontece que eu não estava esperando companhia.
Tem alguém à porta.
Balin... às suas ordens.
-Boa noite. -Sim. É, sim.
Embora eu ache que pode chover mais tarde.
Estou atrasado?
Atrasado para quê?
Boa noite, irmão.
Pela minha barba, você está mais baixo e largo do que na última vez.
Mais largo, não mais baixo.
E penso o bastante por nós dois.
Com licença? Desculpe, detesto interromper.
Mas é que eu não tenho certeza se vocês estão na casa certa.
Você comeu?
Não é que eu não goste de visitas. Eu gosto, bem como qualquer hobbit.
Mas gosto de conhecê-las antes que venham me visitar.
-O que é isto? -Não sei.
-Deve ser queijo. Ficou azul. -Está cheio de fungos.
Acontece que não conheço nenhum de vocês. Nem um pouquinho.
Não quero ser rude, mas eu tinha que ser sincero.
Desculpem-me.
Desculpas aceitas.
Pode encher, irmão. Até a borda.
-Quer se empanturrar? -Posso comer de novo, se insiste.
-Fili. -E Kili.
Às suas ordens.
Deve ser o Sr. Balseiro.
Não! Não podem entrar. Erraram de casa.
O quê?
-Foi cancelada? -Ninguém nos avisou.
-Não, nada foi cancelado. -Que alívio.
Cuidado com elas. Acabei de afiá-las.
É bonito este lugar. Você mesmo construiu?
O quê? Não, está com minha família há anos.
Esse é o baú da minha mãe. Pode não fazer isso?
Fili, Kili. Venham, ajudem-nos.
Sr. Dwalin.
Vamos pôr isto no corredor, ou não caberão todos.
-"Todos"? Quantos ainda há? -Levantem. Onde ponho isto?
Ah, não.
Não. Não há ninguém em casa!
Saia daqui e vá importunar outra pessoa!
Já tem anões demais na minha sala de jantar.
Se isto for algum tipo de brincadeirinha...
só posso dizer que é de muito mau gosto.
Saia de cima, seu balofo!
Gandalf.
Esses são meus... Meu vinho, não!
Ponha de volta. Ponha de volta.
A geleia, não. Por favor. Com licença.
É um pouco demais, não? Pegou a faca de queijo?
Faca de queijo? Ele come um inteiro.
Não, essa é a cadeira do meu avô Mungo. Ponha de volta.
-Não entendo o que está dizendo. -É uma antiguidade.
Isso é um livro, não um porta-copos. E largue esse mapa!
-Com licença, Sr. Gandalf? -Sim?
Aceita uma xícara de chá de camomila?
Não, obrigado, Dori. Um pouco de vinho tinto para mim, eu acho.
-Cuidado aí. -Sim.
Fili, Kili.
Óin, Glóin.
Dwalin, Balin, Bifur, Bofur, Bombur, Dori, Nori, Ori!
Não os meus premiados. Não, obrigado!
Sim, você está correto, Bifur.
Parece que há um anão a menos.
Está atrasado. Foi para o norte para um encontro do nosso povo. Ele virá.
Sr. Gandalf? Uma pequena taça de vinho tinto, como pediu.
Ele possui um aroma frutado.
Saúde.
Bombur já está na segunda perna de carneiro!
Sem chance! Não a essa distância!
Quer apostar?
Bombur, pegue!
Eu ajudo com isso.
Ah, seu desastrado!
-Quem quer uma cerveja? -Aqui, irmão!
Falei para você beber mais uma. Aqui está.
No três, vocês bebem!
Um, dois.
Beber!
Eu sabia que vinha um desses!
É um paninho ornamental, não pano de prato.
Está cheio de buracos.
É assim mesmo. É de crochê.
Croquet é um jogo maravilhoso. Se tem coragem para jogar.
Raios partam esses anões!
Meu caro Bilbo, mas qual é o problema?
Qual é o problema? Estou cercado por anões. O que eles fazem aqui?
Eles são uma reunião alegre, assim que se acostuma com eles.
Não quero me acostumar com eles.
Olhe minha cozinha. Há pegadas de lama no tapete.
Eles esvaziaram a despensa.
Nem vou falar o que fizeram no banheiro.
Destruíram o encanamento. Não sei o que fazem na minha casa!
Com licença.
Desculpe interromper, mas o que devo fazer com meu prato?
Deixe comigo. Dê para mim.
Ponha de volta!
Essa é a louça da Quarta Oeste da minha mãe.
Tem mais de cem anos!
Dá para não fazerem isso? Vão deixá-las cegas.
Ouviram isso, rapazes?
Ele disse que vamos deixar as facas cegas.
Facas cegas, colheres dobradas
Garrafas em cacos e rolhas queimadas
Cuidado com os pratos da festa!
É isso que em Bilbo causa gemidos
Pise em gordura, corte a toalha
Sobre o tapete jogue os ossinhos
O leite entornado no chão se coalha
Em cada porta há manchas de vinho
Jogue esta louça em água fervente
Soque bastante com este bastão
Se nada quebrar, por mais que se tente
Faça rolar, rolar pelo chão
Isso é o que Bilbo Bolseiro detesta!
Bilbo.
Ele chegou.
Gandalf.
Tinha dito que este lugar seria fácil de achar.
Eu me perdi. Duas vezes.
Eu não teria achado se não fosse por aquela marca na porta.
Não há marca na porta. Foi pintada há uma semana.
Há uma marca. Eu mesmo a pus lá.
Bilbo Bolseiro, deixe-me apresentar o líder da nossa Companhia.
Thorin Escudo de Carvalho.
Então...
esse é o hobbit?
Diga, Sr. Bolseiro, tem lutado bastante?
-Como? -Machado ou espada?
Com qual arma luta?
Sou bom num jogo de rebater castanhas, já que perguntou.
Mas não vejo por que isso é relevante.
Foi o que eu pensei.
Mais parece um dono de armazém que um ladrão.
Quais as notícias do encontro em Ered Luin? Todos eles foram?
-Representantes dos sete reinos. -Ah, todos eles!
E o que os anões das Colinas de Ferro disseram?
Dain está conosco?
Eles não virão.
Disseram que essa missão é nossa, e apenas nossa.
Vocês vão sair numa missão?
Bilbo, meu querido amigo, que tal mais um pouco de luz?
Bem distante no leste...
além de montanhas e rios...
depois de florestas e desertos...
existe um único e solitário pico.
A Montanha Solitária
"A Montanha Solitária."
Sim, Óin leu os presságios.
E os presságios dizem que está na hora.
Corvos foram vistos voando para as montanhas, como foi profetizado.
"Quando as aves de outrora retornarem a Erebor...
o reinado da fera irá terminar."
Que fera?
Seria uma referência a Smaug, o Terrível.
A maior e mais importante das calamidades da nossa era.
Ele voa e cospe fogo.
Dentes como navalhas.
Garras como ganchos de carne.
-Aprecia metais preciosos. -Eu sei o que é um dragão.
Não tenho medo. Aceito o desafio.
Provará o ferro dos anões no meio do traseiro!
-Isso mesmo, Ori! -Sente-se.
A tarefa já seria difícil se tivéssemos um exército...
mas somos apenas treze.
E nem somos treze dos melhores...
ou mais inteligentes.
Ei, quem você chamou de burro?
O que ele disse?
Nós podemos ser poucos...
mas somos guerreiros. Todos nós! Até o último anão!
E esqueceram que temos um mago em nossa Companhia.
Gandalf deve ter matado centenas de dragões na época dele.
Ah, bom, não. Eu não diria...
-Quantos, então? -O quê?
Quantos dragões você matou?
Vamos, diga um número.
Por favor!
Se percebemos esses sinais, não acham que outros terão percebido?
Rumores começaram a se espalhar.
O dragão Smaug não é visto há 60 anos.
Olhos voltam-se para as montanhas a leste...
planejando, pesando os riscos.
A grande riqueza do nosso povo está desprotegida.
Ficaremos sentados enquanto outros clamam o que é nosso por direito?
Ou aproveitaremos a chance para retomar Erebor?
Você esquece que o portão dianteiro está selado.
Não há como entrar na montanha.
Isso, caro Balin, não é inteiramente verdade.
Como conseguiu isso?
Foi dada a mim pelo seu pai.
Por Thrain.
Para que eu guardasse.
É sua agora.
Se há uma chave...
deve haver uma porta.
Estas runas falam de uma passagem secreta para os salões inferiores.
Existe outra entrada.
Se a encontrarmos. Portas de anões são invisíveis quando fechadas.
A resposta está neste mapa. E não possuo a habilidade para achá-la.
Mas há outros na Terra-média que possuem.
A tarefa que tenho em mente vai requerer bastante sigilo...
e um bocado de coragem.
Mas se formos cuidadosos e astutos, acho que pode ser realizado.
Por isso precisamos de um ladrão.
E um bom. Um especialista, suponho.
E você é?
Sou o quê?
Ele disse que é um especialista!
Eu? Não, não. Não sou ladrão. Nunca roubei nada na minha vida.
Infelizmente, devo concordar com o Sr. Bolseiro.
Ele não tem nada de ladrão.
Nada.
Terras Ermas não são para bem-nascidos incapazes de lutar ou se defender.
Ele é perfeito.
Chega!
Se falei que Bilbo Bolseiro é um ladrão, então um ladrão ele é.
Os hobbits são extremamente ágeis.
Podem até passar despercebidos, se quiserem.
E embora o dragão esteja habituado ao cheiro de anões...
o cheiro do hobbit é desconhecido para ele...
o que nos dá uma nítida vantagem.
Vocês me pediram para achar o 14ọ membro da Companhia...
e eu escolhi o Sr. Bolseiro.
E ele é muito mais do que as aparências sugerem.
E tem muito mais a oferecer do que vocês imaginam.
E do que ele mesmo imagina.
Você precisa confiar em mim.
Muito bem.
-Faremos do seu jeito. -Não, não.
-Dê o contrato para ele. -Vamos partir!
É o de sempre.
Resumo das despesas pessoais...
tempo necessário, remuneração...
despesas com funeral, e por aí vai.
Despesas com funeral?
Não garanto a segurança dele.
Entendo.
Nem serei responsável pelo destino dele.
De acordo.
"Condições: Pagamento contra entrega, até 1/14 do lucro total."
Parece justo.
"A presente companhia não se responsabiliza por lesões infligidas...
ou recebidas, incluindo, mas não limitando-se a, lacerações...
evisceração..."
Incineração?
Sim. Ele vai derreter sua carne num piscar de olhos.
Tudo bem, meu jovem?
Sim.
Só estou meio tonto.
Pense numa fornalha com asas.
Preciso de ar.
Um clarão, uma dor lancinante, e aí você será apenas um monte de cinzas.
Não.
Foi de grande ajuda, Bofur.
Vou ficar bem. Deixe-me sentar quieto um pouco.
Já está sentado quieto há muito tempo.
Diga-me, desde quando paninhos e os pratos da sua mãe...
são tão importantes para você?
Lembro-me de um jovem hobbit que corria procurando elfos na floresta.
Que ficava fora até tarde, chegava em casa após escurecer...
com um rastro de lama, galhos e vagalumes.
Um jovem hobbit que teria gostado...
de descobrir o que havia além das fronteiras do Condado.
O mundo não está nos seus livros e mapas.
Está lá fora.
Não posso simplesmente ir rumo ao desconhecido.
Sou um Bolseiro de Bolsão.
Você também é um Túk.
Sabia que o seu tetra tio-avô Urratouro Túk...
era tão alto que podia montar num cavalo de verdade?
-Sim. -Pois é, ele podia!
Na Batalha dos Campos Verdes, ele enfrentou as tropas de orcs.
Bateu tão forte com sua clava que arrancou a cabeça do rei dos orcs...
e ela voou centenas de metros até ir parar numa toca de coelho.
E, assim, a batalha foi vencida.
E, ao mesmo tempo, inventado o jogo de golfe.
Acho que você inventou isso.
Todas as histórias precisam de um polimento.
Você terá relatos das suas façanhas para contar quando voltar.
Você pode prometer que eu vou voltar?
Não.
E, se você voltar...
não será mais o mesmo.
Foi o que eu pensei.
Desculpe, Gandalf. Não posso assinar isso.
Você escolheu o hobbit errado.
Parece que perdemos nosso ladrão.
Na certa, foi melhor assim.
As chances estavam contra nós.
Afinal, o que nós somos?
Mercadores, mineiros...
funileiros, fabricantes de brinquedos.
Não somos do tipo que vira lenda.
Há alguns guerreiros entre nós.
Guerreiros velhos.
Eu preferiria cada um desses anões a um exército das Colinas de Ferro.
Pois, quando eu chamei, eles responderam.
Lealdade, honra...
um coração disposto.
Não preciso de mais nada.
Você não precisa fazer isso.
Você tem uma escolha.
Agiu honrosamente pelo nosso povo.
Construiu uma nova vida para nós nas Montanhas Azuis.
Uma vida de paz e fartura.
Uma vida que vale mais do que todo o ouro em Erebor.
Do meu avô para meu pai, isso chegou a mim.
Sonharam com o dia em que os anões de Erebor retomariam suas terras.
Não há escolha, Balin.
Não para mim.
Então estamos com você, meu jovem.
Cumpriremos a missão.
Para além das montanhas nebulosas, frias
Adentrando cavernas
Calabouços cravados
Devemos partir
Antes de o sol surgir
Em busca do pálido ouro encantado
Zumbiram pinheiros sobre a montanha
Uivavam os ventos em noites azuis
O fogo vermelho queimava parelho
As árvores-tochas em fachos de luz
Olá?
Isso!
Assinado: Thorin, filho de Thrain Testemunha: Balin, filho de Fundin
Ladrão:
Sr. Bilbo, aonde o senhor vai?
Não posso parar. Estou atrasado!
Atrasado para quê?
Vou sair numa aventura.
Eu disse, não disse? Vir aqui foi perda de tempo.
Isso lá é verdade!
Ideia ridícula. Usar um hobbit? Um pequeno?
De quem foi essa ideia, afinal?
Esperem!
Esperem!
Eu assinei.
Tome.
Parece estar tudo em ordem.
Bem-vindo, Mestre Bolseiro...
à Companhia de Thorin Escudo de Carvalho.
Dê-lhe um pônei.
Não, não será necessário.
Obrigado. Posso acompanhá-los a pé.
Já estou muito acostumado a caminhadas.
Uma vez até fui a Sapântano.
Vamos, Nori! Pague!
-Mais um. -Obrigado, rapaz.
O que foi isso?
Eles fizeram apostas se você ia ou não aparecer.
A maioria apostou que você não ia.
E o que você achava?
Bom...
meu querido amigo, nunca duvidei de você nem por um segundo.
É o pelo do cavalo. Eu sou alérgico.
Não, esperem, esperem, parem!
Precisamos voltar.
E qual seria o problema?
Esqueci meu lenço.
Tome.
Use isto.
Vamos.
Terá que se virar sem lenços de bolso...
e muitas outras coisas, Bilbo Bolseiro...
até chegarmos ao fim da nossa jornada.
Você foi criado nos pequenos montes e rios do Condado.
Mas, agora, seu lar ficou para trás.
O mundo está à sua frente.
Olá, menina. Quem é uma boa menina?
É nosso segredinho, Myrtle.
Não conte para ninguém.
O que foi isso?
Orcs.
Orcs?
Rasga-gargantas. Há dúzias deles por aí.
As Terras Solitárias estão apinhadas.
Eles atacam quando todos ainda estão dormindo.
Rápidos e quietos, sem gritos. Apenas muito sangue.
Acham isso engraçado?
Um ataque noturno de orcs é uma piada?
Só falamos por falar.
É, por falar.
Vocês não sabem nada do mundo.
Não ligue para ele, rapaz.
Thorin é quem mais tem motivos para odiar os orcs.
Depois que o dragão tomou a Montanha Solitária...
o rei Thror tentou reaver o antigo reino anão de Moria.
Mas nosso inimigo chegou lá primeiro.
Moria havia sido tomada por legiões de orcs...
liderados pelo mais odioso de toda sua raça:
Azog, o Profano.
O orc gigante de Gundabad...
havia jurado destruir a linhagem de Durin.
Ele começou...
decapitando o rei.
Não!
Thrain...
pai de Thorin, enlouqueceu pela dor.
Ele desapareceu. Foi feito prisioneiro ou morto...
não sabemos.
Estávamos sem liderança.
A derrota...
e a morte eram iminentes.
Foi quando eu o vi.
Um jovem príncipe anão...
encarando o orc pálido.
Ele lutou sozinho contra o terrível inimigo.
Com a armadura partida...
usando apenas um tronco de carvalho como escudo.
Azog, o Profano, aprendeu naquele dia...
que a linhagem de Durin não seria destruída facilmente.
Nossas forças se reuniram...
e rechaçaram os orcs.
Nossos inimigos...
tinham sido derrotados.
Mas não houve banquete...
nem cantoria naquela noite...
pois nossa dor era por um número incalculável de mortos.
Poucos de nós haviam sobrevivido.
E então pensei comigo mesmo:
"Aí está alguém que eu poderia seguir.
Aí está alguém...
que eu poderia chamar de rei."
E o orc pálido?
O que aconteceu com ele?
Foi correndo para o buraco de onde saiu.
O nojento morreu por causa de seus ferimentos há muito tempo.
Avisem ao mestre...
que encontramos a escória anã.
Sr. Gandalf, não pode fazer nada quanto a esse dilúvio?
Está chovendo, Mestre Anão...
e continuará chovendo até a chuva acabar.
Se deseja mudar o clima do mundo, deveria procurar outro mago.
-Existem outros? -O quê?
Outros magos?
Há cinco de nós.
O maior da nossa ordem é Saruman, o Branco.
Há também os dois Magos Azuis.
Sempre me esqueço dos nomes deles.
E quem é o quinto?
Bem, seria Radagast, o Castanho.
Ele é um grande mago? Ou é assim como você?
Acho que ele é um grande mago, à sua maneira.
É uma alma gentil que prefere a companhia de animais à de outros.
Mantém um olhar vigilante sobre as vastas florestas...
bem a leste. E isso é muito bom...
Porque o mal sempre irá procurar suporte neste mundo.
Isso não é bom. Não é nada bom.
Oh, não, Sebastian.
Pelos poderes!
Vamos.
Para trás! Deixem-no respirar, pelos poderes!
Não entendo por que não está funcionando!
Até parece que foi bruxaria!
Bruxaria.
Mas é, sim.
Uma magia negra poderosa.
De onde foi que essas criaturas odiosas saíram?
Da velha fortaleza?
Mostre-me.
Vamos acampar aqui esta noite.
Fili, Kili, fiquem de olho nos pôneis. Não saiam de perto deles.
Um fazendeiro e sua família moravam aqui.
Óin, Glóin. Façam uma fogueira.
Certo.
Acho que seria mais sábio continuarmos.
Poderíamos seguir rumo a Valfenda.
Eu já falei para você.
Não chegarei perto daquele lugar.
Por que não? Os elfos nos ajudariam.
Teríamos comida, descanso, conselhos.
Não preciso do conselho deles.
Temos um mapa que não sabemos ler. O Mestre Elrond pode ajudar.
Ajudar?
Um dragão atacou Erebor.
Que ajuda os elfos prestaram?
Orcs saquearam Moria...
profanaram nossos salões sagrados.
Os elfos olharam e nada fizeram.
E você pede que eu procure as pessoas que traíram meu avô.
Que traíram meu pai.
Você não é nenhum dos dois.
Não lhe dei o mapa e a chave para você ficar preso ao passado.
Eu não sabia que lhe pertenciam.
Está tudo bem?
Gandalf, aonde você vai?
Ficar na companhia do único que ainda tem bom senso.
-E quem é? -Eu mesmo, Sr. Bolseiro.
Já chega de anões por hoje.
Vamos, Bombur, estamos famintos.
Ele vai voltar?
Já se foi faz tempo.
-Quem? -Gandalf.
Ele é um mago. Faz o que quiser.
Faça um favor. Leve isto para os outros.
Pare. Já comeu bastante.
O ensopado não está ruim. Já comi piores.
Dori poderia ter preparado.
Muito engraçado.
O que houve?
Devíamos estar de olho nos pôneis.
Só que nos deparamos com um probleminha.
Tínhamos dezesseis.
Agora temos quatorze.
Daisy e Bungo desapareceram.
Isso não é bom.
Isso não é nada bom. Não convém avisar o Thorin?
Não. Não vamos preocupá-lo.
Como nosso ladrão oficial, você pode querer investigar.
-Algo grande arrancou as árvores. -Foi o que pensamos.
É algo muito grande e possivelmente bem perigoso.
Ei.
Há uma luz.
Por aqui.
Fiquem abaixados.
O que é?
Trolls.
Ele pegou Myrtle e Minty.
Acho que vão comê-los. Precisamos agir.
Sim. Você precisa.
Trolls da montanha são lentos e burros, e você é pequeno. Nunca o verão.
É seguro. Estaremos logo atrás de você.
Se ficar em apuros, pie duas vezes como uma coruja, uma como um mocho.
Duas como uma coruja, uma como um mo...
Acha mesmo uma boa ideia?
Carneiro ontem, carneiro hoje.
E raios me partam se não vai ser carneiro de novo amanhã.
Pare de reclamar.
Não são ovelhas. São pequenos cavalos.
Não gosto de cavalos. Jamais gostei. Eles têm pouca gordura.
Ainda é melhor do que o velho fazendeiro.
Só pele e osso. Ainda estou tirando pedaços dele dos meus dentes.
Que maravilha, não? Flutuando.
Deve melhorar o sabor.
Há mais no lugar de onde veio isto.
Não! De novo, não!
Sente-se!
Bom, espero que você tire as tripas destes cavalos.
Não gostos das partes fedorentas.
Eu mandei sentar.
Estou faminto!
Vamos comer cavalos hoje ou não?
Feche a matraca! Você vai comer o que eu lhe der.
Por que ele é o cozinheiro? Tudo tem o mesmo gosto.
Tudo tem gosto de galinha.
Menos as galinhas.
Que têm gosto de peixe!
Só acho que um pouco de reconhecimento seria bom.
"Muito obrigado, Bert. Ensopado delicioso, Bert!"
É tão difícil assim?
Só precisa de um pouco de cocô de esquilo.
Ei, esse é o meu grogue!
Desculpe.
Ficou deliciosamente na medida certa.
Prove um pouco para você ver.
Bom, não?
É por isso que sou o cozinheiro.
Minha barriga está roncando. Tenho que roubar alguma coisa!
Carne, preciso de carne.
Caramba!
Bert! Bert! Olhe o que saiu do meu nariz.
Tem braços, pernas e tudo mais.
O que é isso?
Não sei. Mas não gosto do jeito como se mexe.
O que você é, afinal? Um esquilo gigante?
Sou um ladr... hobbit.
Um ladrhobbit?
Podemos cozinhá-lo?
Podemos tentar.
Não daria para mais que uma mordida.
Sendo pele e osso assim, não!
Talvez haja mais ladrhobbits pelas redondezas.
Talvez seja o bastante para uma torta!
-Segurem-no! -Ele é rápido demais.
Certo. Venha cá, seu pequeno...
Peguei você!
Há mais algum amiguinho seu escondido onde não deveria?
Não.
Ele está mentindo.
Não, não estou!
Ponha os pés dele sobre o fogo.
Faça-o gritar!
Solte-o!
Como é que é?
Eu mandei...
soltá-lo!
Peguem os sacos! Coloquem-nos nos sacos!
Vamos! Levante!
-Bilbo! -Não!
Abaixem suas armas...
ou arrancamos os braços dele!
Está quente! Está quente!
Não precisa cozinhá-los.
Vamos só sentar em cima deles e transformá-los em geleia.
Deveriam ser salteados e grelhados com uma pitada de sálvia.
Isso é mesmo necessário?
Isso parece muito bom.
-Desamarre-me. -Coma alguém do seu tamanho!
Esqueça o tempero.
Não temos a noite toda.
O sol já vai nascer. Vamos rápido com isso.
Não quero ser transformado em pedra.
Esperem!
Estão cometendo um terrível engano.
Não dá para discutir com eles. São imbecis!
Imbecis? E nós somos o quê?
Eu me refiro ao tempero.
O que é que tem o tempero?
Sentiram o cheiro deles?
Precisarão de algo mais forte do que sálvia para comê-los.
Traidor!
O que sabe sobre cozinhar um anão?
Cale a boca.
Deixe o fladralobbit falar.
O segredo para cozinhar um anão é...
É... Fale. Diga-nos qual é o segredo.
Sim, eu vou dizer. O segredo é...
tirar a pele deles antes!
Está brincando!
Tom, pegue a minha faca.
Vou tirar a sua, seu...
Não vou me esquecer disso!
Mas que bobagem!
Já comi muitos anões com pele.
Enfie na boca, com botas e tudo mais.
Ele tem razão.
Nada de errado com um pouco de anão cru.
Gostoso e crocante.
Esse aí, não! Ele está infectado.
Está o quê?
Sim, ele está com vermes no intestino.
Aliás, todos eles estão.
Estão infestados de parasitas. É uma coisa terrível.
Eu não me arriscaria. Não, mesmo.
Parasitas? Ele disse parasitas?
Não temos parasitas! Você tem parasitas!
Do que está falando, rapaz?
Tenho parasitas do tamanho do meu braço.
Os meus são os maiores! Parasitas gigantes!
-Estamos infestados. -Eu estou.
Infestados mesmo.
O que devemos fazer, então?
Deixá-los ir embora?
Bom...
Acha que não sei o que está tramando?
Este pequeno furão acha que nós somos tolos.
-Furão? -Tolos?
Que o amanhecer transforme vocês!
-Quem é ele? -Não faço ideia.
Podemos comê-lo também?
Tire o pé das minhas costas.
Aonde foi, se é que posso perguntar?
Fui olhar à frente.
O que o trouxe de volta?
Ter olhado para trás.
Situação terrível.
Mas estão todos inteiros.
Não graças ao seu ladrão.
Ele viu que precisava ganhar tempo.
Nenhum de vocês pensou nisso.
Eles devem ter vindo da Charneca Etten.
Desde quando trolls da montanha vão tão ao sul?
Nesta era, nunca.
Não desde que um poder sombrio governou estas terras.
Eles não podiam andar à luz do dia.
Deve haver uma caverna aqui perto.
Que fedor é esse?
Um tesouro de trolls.
Cuidado com o que tocam.
É uma pena deixar tudo isso aqui jogado.
-Qualquer um poderia pegar. -Concordo.
-Nori. -Sim?
Pegue uma pá.
Estas espadas não foram feitas por trolls.
Nem foram feitas por um ferreiro entre os homens.
Elas foram forjadas em Gondolin...
pelos altos elfos da Primeira Era.
Você não poderia desejar uma lâmina melhor.
-Coloque aí. -Isso.
Muito bem, vamos. Rápido.
Estamos fazendo um depósito de longo prazo.
Vamos sair deste lugar sujo.
Venham, vamos.
Bofur, Glóin, Nori.
Bilbo.
Tome.
É para alguém do seu tamanho.
Não posso ficar com isto.
A lâmina foi feita pelos elfos.
O que significa que ficará azul quando orcs estiverem por perto.
Nunca usei uma espada na minha vida.
E espero que nunca precise usar.
Mas, se precisar, lembre-se:
A coragem não está em saber quando tirar uma vida...
mas, sim, em quando poupar uma.
Alguma coisa se aproxima!
-Gandalf. -Fiquem juntos!
Depressa! Preparem suas armas!
Ladrões! Fogo! Morte!
Radagast.
É Radagast, o Castanho!
Bem...
O que você está fazendo aqui?
Eu estava procurando você.
Há algo errado.
Há algo terrivelmente errado.
É?
Dê-me só um minuto para...
Eu tinha pensado algo, mas fugiu-me.
Estava bem aqui na ponta da língua.
Não é um pensamento.
É um mero...
insetinho.
A Floresta Verde está doente, Gandalf.
Uma escuridão caiu sobre ela.
Nada mais cresce.
Pelo menos, nada de bom.
O ar está podre, deteriorado.
Mas o pior são as teias.
Teias? O que quer dizer?
Aranhas, Gandalf.
Aranhas gigantes.
Se não é alguma cria de Ungoliant, eu não sou um mago.
Segui o rastro delas.
Elas vieram de Dol Guldur.
Dol Guldur.
Mas a velha fortaleza está abandonada.
Não, Gandalf.
Não está.
Habita lá um poder sombrio...
tal qual eu jamais havia sentido.
A sombra de um antigo horror.
Um que pode invocar os espíritos...
dos mortos.
Eu o vi, Gandalf.
Do meio das trevas...
surgiu um Necromante.
Radagast.
Rápido! Rápido!
Esperem por mim!
Desculpe.
Prove um pouco do velho Toby.
Ajuda a acalmar os nervos.
E solte.
Agora...
um Necromante? Tem certeza?
Isso não é...
do mundo dos vivos.
Foi um lobo? Há lobos por aqui?
Lobos? Não, não é um lobo.
Kili! Acerte-os!
Wargs batedores!
Então, há um grupo de orcs por perto.
Grupo de orcs?
A quem contou da missão, além da sua gente?
Ninguém.
-Para quem contou? -Ninguém, eu juro.
O que, em nome de Durin, se passa?
Vocês estão sendo caçados.
Temos que sair daqui.
Não podemos! Estamos sem os pôneis.
Eles fugiram!
Vou desviá-los do caminho.
São wargs de Gundabad. Vão alcançá-lo.
Estes são coelhos de Rhosgobel.
Eu queria só vê-los tentar.
Vamos!
Venham me pegar!
Depressa!
Fiquem juntos!
Depressa!
Ori, não! Volte!
Todos vocês, vamos! Rápido, rápido!
Aonde está nos levando?
A escória anã está lá!
Atrás deles!
Mexam-se! Depressa!
Corram!
Lá estão eles!
Por aqui! Depressa!
Há outros vindo!
Kili!
Atire neles!
Estamos cercados!
Onde está o Gandalf?
Ele nos abandonou.
Mantenham a posição!
Por aqui, seus tolos!
Andem, mexam-se!
Rápido! Todos vocês!
Vamos!
Andem, andem, andem!
Oito, nove, dez.
Kili!
Corra!
Elfos.
Não consigo ver aonde nos leva este caminho. Vamos segui-lo?
É claro que vamos!
Acho que seria sensato.
Vamos, irmão.
O Vale de Imladris!
Na língua comum, é conhecido por outro nome.
Valfenda.
Esta é a última casa amiga a leste do mar.
Este sempre foi seu plano.
Buscar refúgio com nosso inimigo.
Não tem inimigos aqui, Thorin Escudo de Carvalho.
O único mau pensamento neste vale é o que você mesmo traz.
Acha que os elfos darão sua bênção à nossa missão?
Vão tentar nos deter.
É claro. Mas temos perguntas que precisam ser respondidas.
Se queremos ser bem sucedidos, devemos agir com tato.
E respeito.
E uma boa dose de simpatia.
É por isso que vocês deixarão que eu fale.
Mithrandir!
Lindir.
Fique alerta.
Soubemos que haviam chegado ao Vale.
Preciso falar com o Mestre Elrond.
Meu Mestre Elrond não está aqui.
Não está?
Onde ele está?
Cerrar fileiras!
Gandalf!
Mestre Elrond.
Meu amigo!
Por onde andou?
Estávamos caçando um grupo de orcs que veio do sul.
Matamos alguns perto da Passagem Escondida.
É estranho orcs virem tão perto de nossas fronteiras.
Algo ou alguém deve tê-los atraído.
E talvez tenhamos sido nós.
Bem-vindo, Thorin, filho de Thrain.
Creio que não nos conhecemos.
Você tem o porte do seu avô.
Conheci Thror quando ele governou Sob a Montanha.
É mesmo? Ele nunca mencionou você.
O que ele está dizendo?
Ele nos insultou?
Não, Mestre Glóin, ele está lhes oferecendo comida.
Ah, bom, neste caso, continue.
Experimente. Só uma mordida.
Não gosto de comida verde.
Onde está a carne?
Eles têm batata frita?
Gentileza sua ter nos convidado.
Não estou vestido para jantar.
Bem, você nunca está.
Esta é Orcrist, a Fende-orc.
Uma espada famosa...
forjada pelos Altos Elfos do Oeste... meus parentes.
Que ela lhe sirva bem.
E esta é Glamdring.
O Martelo do Inimigo. A espada do rei de Gondolin.
Essas espadas foram feitas para as guerras orc da Primeira Era.
Eu não me daria ao trabalho.
Os nomes das espadas vêm de seus grandes feitos em guerras.
Insinua que minha espada não viu uma batalha?
Nem sei ao certo se é uma espada.
Mais parece um abridor de cartas.
Como as conseguiram?
Achamos num tesouro de trolls na Grande Estrada do Leste...
pouco antes da emboscada dos orcs.
E o que vocês estavam fazendo na Grande Estrada do Leste?
Nossos atos não são da conta dos elfos.
Faça-me o favor, Thorin...
mostre a ele o mapa.
É o legado do meu povo.
Cabe a mim protegê-los, bem como seus segredos.
Poupe-me da teimosia dos anões!
Seu orgulho será sua ruína.
Ele é um dos poucos na Terra-média capazes de ler o mapa.
Mostre ao Mestre Elrond.
Thorin, não.
Erebor?
Qual é seu interesse neste mapa?
É sobretudo acadêmico.
Sabe que este tipo de artefato, às vezes, contém escritas ocultas.
Ainda sabe ler a antiga língua dos anões, não?
Runas da lua?
É claro.
Passam despercebidas facilmente.
Neste caso, isso é verdade.
Elas só podem ser lidas sob a luz da lua...
na mesma fase e estação em que foram escritas.
Consegue lê-las?
Estas foram escritas na véspera do solstício de verão...
sob a luz de uma lua crescente quase 200 anos atrás.
Deviam estar destinados a vir a Valfenda.
O destino conspira a seu favor, Thorin.
A mesma lua brilha sobre nós esta noite.
"Fique ao lado da pedra cinzenta quando o tordo bater...
e o sol poente com a última luz do Dia de Durin...
brilhará sobre a fechadura."
Dia de Durin?
É o início do ano novo dos anões, quando a última lua do outono...
e o primeiro sol do inverno aparecem juntos no céu.
É uma má notícia.
O verão está acabando. O Dia de Durin logo virá.
Ainda temos tempo.
-Tempo? Para quê? -Para achar a entrada.
Temos que estar no lugar certo e na hora precisa.
Então, e só então, a porta poderá ser aberta.
Então, esse é o seu propósito, entrar na montanha?
Qual o problema?
Há quem não considere isso sensato.
O que quer dizer?
Você não é o único guardião que protege a Terra-média.
Os anões... mestre...
nós os perdemos.
Fomos emboscados pelos imundos elfos.
Eu não quero desculpas.
Quero a cabeça do rei anão!
Estávamos em menor número.
Não havia nada que pudéssemos fazer.
Escapei com vida por muito pouco.
Seria melhor que tivesse...
pagado com ela.
A escória anã aparecerá muito em breve.
Espalhem a notícia...
de que há uma recompensa por suas cabeças.
Não, você fez a mesma coisa. Não é que você não fez.
Dori! Aqui. Pegue isso.
Bombur!
Com ou sem nossa ajuda, esses anões marcharão para a montanha.
Estão determinados a retomar a terra deles.
Não creio que Thorin Escudo de Carvalho ache que deve satisfações a alguém.
E, aliás, eu também não.
Não é a mim que deve dar satisfações.
Senhora Galadriel.
Mithrandir.
Já faz muito tempo.
A idade pode ter me modificado...
mas em nada mudou a Senhora de Lórien.
Eu não sabia que o Mestre Elrond a havia chamado.
Não foi ele.
Fui eu.
Saruman.
Você tem andado ocupado, meu amigo.
Diga-me, Gandalf.
Achou que seus planos e maquinações passariam despercebidos?
Despercebidos?
Não.
Apenas estou fazendo o que acho certo.
O dragão o preocupa há muito tempo.
É verdade, minha senhora.
Smaug não presta contas a ninguém.
Mas se ele se aliar ao inimigo...
um dragão poderia ser usado para fins terríveis.
Que inimigo?
Gandalf, o inimigo foi derrotado.
Sauron foi aniquilado. Jamais poderá recuperar toda sua força.
Gandalf, por 400 anos nós vivemos em paz.
Uma paz conquistada com muita luta.
É mesmo? Nós vivemos em paz?
Trolls vieram das montanhas.
Estão invadindo vilarejos, destruindo fazendas.
Orcs nos atacaram na estrada.
Longe de ser um prelúdio de guerra.
Está sempre se intrometendo...
procurando problemas onde não há nenhum.
Deixem-no falar.
Há uma ameaça iminente pior que a maldade de Smaug.
Algo muito mais poderoso.
Podemos ficar cegos a isso, mas não seremos ignorados, garanto.
Uma doença paira sobre a Floresta Verde.
Os homens que vivem lá agora a chamam de Floresta das Trevas.
E eles falam...
E então? Não pare agora.
Diga o que os homens da floresta falam.
Eles falam de um Necromante morando em Dol Guldur.
Um feiticeiro que pode conjurar os mortos.
Isso é um absurdo.
Esse tipo de poder não existe neste mundo.
Esse Necromante não passa de um homem mortal.
Um ilusionista brincando com magia negra.
Era o que eu pensava também.
-Mas Radagast viu... -Radagast!
Não me fale de Radagast, o Castanho.
Ele é um sujeito tolo.
Bom, ele é estranho, concordo. Ele leva uma vida solitária.
Não é isso. É seu consumo excessivo de cogumelos.
Eles perturbaram sua mente e amarelaram seus dentes.
Eu o alertei.
É inapropriado um dos Istari andar pela floresta...
Você carrega uma coisa.
Veio de Radagast para você.
Ele a encontrou em Dol Guldur.
Sim.
Mostre-me.
Eu parecia estar falando sozinho, pela atenção que ele prestou.
O que é isso?
Uma relíquia de Mordor.
Uma lâmina de Morgul.
Feita para o Rei dos Bruxos de Angmar.
E enterrada com ele.
Quando Angmar caiu...
os homens do norte levaram seu corpo e seus pertences...
e os selaram dentro das Colinas de Rhudaur.
Entre as rochas eles o enterraram...
em um túmulo tão escuro...
que luz alguma jamais entraria.
Isso não é possível.
Um feitiço poderoso foi lançado sobre os túmulos.
Eles não podem ser abertos.
Que provas temos de que essa arma veio do túmulo de Angmar?
Não tenho nenhuma.
Porque não há nenhuma.
Vamos examinar o que sabemos.
Um único grupo de orcs...
ousou atravessar o Bruinen.
Uma adaga de uma era passada foi encontrada.
E um feiticeiro humano que chama a si próprio "Necromante"...
fixou residência em uma fortaleza em ruínas.
Não é tanto assim, afinal.
Mas a questão da Companhia dos Anões me preocupa muito.
Não estou convencido, Gandalf.
Não creio que eu possa permitir tal missão.
Se eles tivessem me procurado, eu poderia ter-lhes poupado essa decepção.
Não entendo por que você alimentou as esperanças deles.
Eles estão partindo.
Sim.
Você sabia.
Não, infelizmente, não há nada a fazer.
Mestre Elrond.
Os anões... se foram.
Fiquem atentos.
Estamos para entrar no Limite do Ermo.
Balin, você conhece essas trilhas. Conduza.
Sim.
Mestre Bolseiro.
Sugiro que aperte o passo.
Você irá segui-los.
Sim.
Está certo em ajudar Thorin Escudo de Carvalho.
Mas temo que essa missão tenha despertado...
forças que ainda não compreendemos.
A dúvida sobre a lâmina de Morgul deve ser respondida.
Algo se move nas sombras, oculto, escondido da nossa visão.
Não irá se revelar.
Ainda não.
Mas, a cada dia, fica mais forte.
Você deve ter cuidado.
Mithrandir?
Por que o pequeno?
Eu não sei.
Saruman acredita que apenas um grande poder...
pode manter o mal sob controle.
Mas não foi isso que descobri.
Eu descobri que são as coisas pequenas...
os feitos diários das pessoas comuns...
que mantêm o mal afastado.
Simples atos de bondade e amor.
Por que Bilbo Bolseiro?
Talvez seja porque eu tenho medo.
E ele me dá coragem.
Não tenha medo, Mithrandir.
Você não está sozinho.
Se um dia precisar da minha ajuda...
irei até você.
Firmes! Segurem-se!
Bilbo!
Precisamos encontrar abrigo!
Cuidado!
Cuidado, irmão!
Segurem-se.
Isto não é uma tempestade!
É uma guerra de trovões!
Olhem!
É inacreditável.
As lendas são verdadeiras!
Gigantes! Gigantes de pedra!
Proteja-se, seu tolo!
Segurem-se!
-O que está acontecendo? -Segure minha mão!
Vão, vão, vão!
Corram! Saiam! Saiam!
Cuidado!
Pulem!
Vamos!
Aguentem!
Não!
Não!
Não! Kili!
Está tudo bem! Eles estão vivos!
Onde está o Bilbo? Onde está o hobbit?
Ali!
Segurem-no!
-Segure minha mão! -Bilbo!
-Ori, tome cuidado! -Segure!
Peguei você, rapaz!
Segure firme!
Vamos, rapaz, para cima.
Achei que tínhamos perdido nosso ladrão.
Ele está perdido desde que saiu de casa.
Ele não deveria ter vindo.
Não há lugar para ele entre nós.
Dwalin!
Parece segura o bastante.
Veja os fundos.
Cavernas em montanhas raramente são desabitadas.
Não há nada aqui.
Certo, então vamos fazer uma fogueira.
Nada de fogueira. Não neste lugar.
Durmam um pouco.
Sairemos ao raiar do dia.
Devíamos esperar nas montanhas até o Gandalf chegar.
Esse era o plano.
Planos mudam.
Bofur, você fica de vigia primeiro.
O rastro é recente!
Eles seguiram pelo desfiladeiro.
Aonde pensa que vai?
Voltar para Valfenda.
Não, você não pode voltar agora.
Você faz parte da Companhia. É um de nós.
Mas não sou, sou?
Thorin tinha razão, eu não deveria ter vindo.
Não sou um Túk. Sou um Bolseiro. Não sei o que eu estava pensando.
Eu não deveria ter saído.
Está com saudade de casa, eu entendo.
Não, não entende. Nenhum de vocês entende.
Vocês são anões! Estão habituados a essa vida.
Vida na estrada, sem se estabelecerem, sem um lugar próprio.
Desculpe, eu não...
Não, você está certo.
Não temos um lugar nosso.
Eu lhe desejo toda a sorte do mundo.
Desejo mesmo.
O que é isso?
Acordem!
Acordem!
Cuidado!
Corram!
Lixo imundo!
Para trás!
Vão pagar por isso!
Está bem, não empurre.
Tire as mãos de mim! Largue-me!
Largue-me!
Quem teria a coragem de vir armado até o meu reino?
Espiões? Ladrões? Assassinos?
Anões, Sua Malevolência.
Anões?
Estavam no pórtico de entrada.
Não fiquem aí parados! Revistem-nos.
Cada cavidade! Cada bolso!
O que fazem aqui?
Falem!
Muito bem.
Se não falarem, vamos ter que fazê-los gritar.
Tragam o espremedor!
Tragam o quebra-ossos.
-Comecem com o mais jovem. -Espere!
Ora, ora, ora.
Oh, vejam só quem é.
Thorin, filho de Thrain, filho de Thror...
Rei Sob a Montanha.
Mas eu ia me esquecendo. Você não tem montanha.
E você não é rei...
o que faz de você um ninguém, na verdade.
Sei de alguém que pagaria uma boa recompensa por sua cabeça.
Apenas a cabeça.
Sem o corpo.
Talvez você saiba de quem estou falando.
Um velho inimigo seu.
Um orc pálido, montado em um warg branco.
Azog, o Profano, foi destruído.
Foi morto em batalha há muito tempo.
Então, acha que seus dias profanos acabaram?
Mande uma mensagem ao orc pálido.
Diga a ele que encontrei a presa dele.
Sim!
Sim!
Sim!
Sim!
Gollum. Gollum!
Orcses nojentos!
Ossinhos bem pequenos, precioso.
Melhor do que nada!
Ossosos demais, precioso! Não tem carne suficiente!
Cale a boca! Arranque fora a pele.
Comece pela cabeça.
Frio seco, chão que morde a mão
Pros pés é duro
Pedra e seixo sem carne, vejo
É osso puro
Morto e frio, sem dar um pio
É bom pra comer
Que beleza e que moleza, precioso!
Olhe só quanta carne.
Gollum. Gollum!
Para trás! Fique longe!
Estou avisando, não chegue mais perto.
Ele tem uma espada élfica. Mas não é um elfo.
Não é um elfo, não.
O que é ele, precioso?
O que é você?
Meu nome é Bilbo Bolseiro.
Bolseiros?
O que é um Bolseiros, precioso?
Sou um hobbit do Condado.
Nós gosta de orcses, morcegosos, peixeses. Nós nunca comeu hobbitses.
É macio? É suculento?
Pare aí, pare. Mantenha distância!
Eu usarei isto se for preciso.
Não quero nenhum problema, entendeu?
Mostre o caminho para sair daqui, e irei embora.
Por quê? Está perdido?
Sim, e quero deixar de estar perdido assim que for possível.
Nós sabe! Nós sabe de caminhos seguros para hobbitses.
Caminhos seguros no escuro.
Cale-se!
-Eu não disse nada. -Nós não falou com você.
Oh, sim, nós falou, precioso. Nós falou.
Ouça, eu não sei qual é seu jogo...
Jogo?
Nós adora jogos, não é mesmo, precioso?
Você gosta de jogos? Gosta? Gosta? Gosta de jogar?
Talvez.
Tem raízes misteriosas.
É mais alta que as árvores.
Sobe, sobe, e também desce.
Mas não cresce nem decresce.
-A montanha. -Sim, sim!
Outra adivinha agora, hein?
Sim! Outra vez! Outra vez! Você pergunta.
Não! Chega de adivinhas.
Mate-o logo. Mate-o agora!
Gollum. Gollum!
Não! Não. Não.
Não. Eu quero jogar. Eu quero.
Eu quero jogar. Estou vendo...
que você é muito bom nisso.
Então, por que não...
fazemos um jogo de adivinhas? Sim?
Só você e eu.
Sim! Sim, somente nós.
Sim. Sim!
E se eu ganhar...
você me mostra a saída. Sim?
Sim! Sim!
E se ele perder? E aí?
Bom, se ele perder, precioso, aí nós come ele!
Se Bolseiro perder, nós come ele inteiro.
Muito justo.
Bolseiro primeiro.
Trinta cavalos na colina encarnada.
Primeiro cerceiam, depois pisoteiam.
Depois não fazem nada.
Dentes?
Dentes!
Oh, sim, meu precioso!
Mas nós... nós só tem nove.
Nossa vez.
Sem voz, ele ulula.
Sem asas, volita.
Sem dentes, mordida.
Sem boca, murmura.
Só um minuto.
Nós sabe! Nós sabe!
Cale-se!
Vento.
É o vento. É claro que é.
Muito espertos esses hobbitses.
Muito espertos.
Caixinha sem gonzos, tampa ou cadeado.
Lá dentro, escondido, um tesouro dourado.
Caixinha.
Caixinha. A tampa e um cadeado.
E então?
Essa é difícil.
Uma caixinha. Cadeado.
Você desiste?
Dê-nos uma chance, precioso! Uma chance!
Ovosos!
Ovosos!
Pequenos ovosos úmidos.
Sim! Vovó nos ensinou a chupá-los, sim!
Nós tem uma para você.
Todas as coisas ele devora.
Aves, feras, plantas, flora.
Aço e ferro são sua comida.
E a dura pedra por ele moída.
Responda para nós.
Dê-me um tempo, por favor. Eu lhe dei um bom tempo.
Aves, feras...
Feras? Plantas, flora.
Essa eu não sei.
Você é saboroso?
É delicioso?
É crocante?
Deixe-me pensar.
Deixe-me pensar.
Está travado.
Bolseiros travou.
Tempo esgotado.
Tempo.
A resposta é tempo.
Na verdade, não foi tão difícil.
Última pergunta.
Última chance.
Está bem.
Pergunte para nós.
-Pergunte para nós! -Sim. Tudo bem.
O que eu tenho no meu bolso?
Bom, isso não é justo.
Não é justo! É contra as regras!
Faça outra pergunta.
Não, não, não.
Você disse para fazer uma pergunta. Essa é minha pergunta.
O que eu tenho no bolso?
Três chances, precioso. Precisa dar três para nós.
Três chances. Muito bem, adivinhe.
Mãoses!
Errado. Tente de novo.
Espinhas de peixe, dentes de orc, conchas, asas de morcego...
Faca!
Cale a boca!
Errado de novo. Última chance.
Barbante.
Ou nada.
Dois palpites de uma vez. Os dois errados.
Então...
Vamos lá. Eu ganhei o jogo. Você prometeu mostrar a saída.
Nós disse isso, precioso?
Nós disse?
O que você tem nos seus bolsosos?
Não é da sua conta.
Você perdeu.
Perdi?
Perdi?
Perdi?
Onde ele está?
Onde ele está?
Não!
Onde ele está?
Não! Não!
Perdi!
Droga e praga!
Meu precioso sumiu!
O que perdeu?
Não deve perguntar para nós. Não é da conta dele.
Não!
Gollum. Gollum.
O que ele tem...
em seus nojentos...
bolsinhosos?
Ele roubou.
Ele roubou!
Ele roubou!
Ossos serão moídos
Pescoços serão torcidos
Vocês serão açoitados, espancados
Em cabides serão pendurados
Vocês morrerão aqui e jamais serão encontrados
Nas profundezas da cidade dos orcs, lançados
Eu conheço essa espada! É a Fende-Orc!
A Mordedora!
A espada que dilacerou mil pescoços!
Cortem-nos! Batam neles! Matem-nos!
Matem todos eles!
Cortem a cabeça dele!
Peguem suas armas!
Lutem.
Lutem!
Ele porta o Martelo do Inimigo! A Batedora!
Brilhante como a luz do dia!
Thorin!
Sigam-me. Depressa!
Corram!
Dê para nós!
Ele é nosso.
Ele é nosso!
Ladrão!
Bolseiro!
Rápido!
Mais rápido!
Atacar.
Avançar!
Cortem as cordas!
Vamos, rápido!
-Vamos, mexam-se! -Bombur!
Vão, vão, vão! Rápido!
Saltem!
Salte, rapaz!
Vamos!
Empurrem!
Vamos!
Tenham cuidado!
Acharam que conseguiriam fugir de mim.
O que você vai fazer agora, mago?
Já basta.
Podia ter sido pior.
Haver!
Deve estar brincando!
Gandalf!
São muitos. Não podemos enfrentá-los.
Só uma coisa nos salvará: a luz do dia!
Vamos!
Venha! De pé!
-Balin. -Venha!
Espere!
Meu precioso! Espere!
Gollum. Gollum!
Rápido, rápido!
Por aqui.
-Vamos. -Vamos, andem. Rápido.
Isso, ótimo!
Bolseiro!
Ladrão!
Maldito, miserável! Nós odeia ele para sempre!
Cinco, seis, sete, oito.
Bifur, Bofur. São dez.
Ah, Fili, Kili! São doze.
E, com Bombur, são treze.
Onde está Bilbo?
Onde está nosso hobbit?
Onde está nosso hobbit?
Maldito pequeno! Agora ele está perdido?
Achei que estava com Dori.
-Não me culpe. -Onde o viu pela última vez?
Eu o vi escorregando quando nos capturaram.
O que aconteceu então?
-Diga-me! -Eu digo o que aconteceu.
Mestre Bolseiro viu a oportunidade e aproveitou!
Só pensava em sua cama macia e lareira quente desde que partiu.
Não voltaremos a ver nosso hobbit.
Ele já está bem longe.
Não.
Não está.
Bilbo Bolseiro.
Nunca fiquei tão feliz por ver alguém.
Bilbo. Tínhamos desistido de você.
Como conseguiu passar pelos orcs?
É, como conseguiu?
O que isso importa? Ele voltou.
Importa.
Eu quero saber.
Por que você voltou?
Sei que duvida de mim. Sei que sempre duvidou.
E você tem razão. Penso muito no Bolsão.
Sinto falta dos meus livros.
Da minha poltrona. Do meu jardim.
Lá é o meu lugar.
É o meu lar.
Foi por isso que voltei. Porque...
vocês não têm um. Um lar.
Foi tirado de vocês.
Mas ajudarei a recuperá-lo se eu puder.
Acabem com eles!
Estraçalhem-nos!
Saímos da frigideira...
Para o fogo. Corram.
Corram!
Vão!
Subam nas árvores!
Todos vocês. Agora! Subam! Bilbo, suba!
Rápido!
Eles estão vindo!
-Segurem-se! -Aguentem firme, irmãos.
Azog.
Está sentindo?
O cheiro do medo.
Lembro-me de que seu pai fedia a medo...
Thorin, filho de Thrain.
Não pode ser.
Aquele ali é meu...
Matem os outros!
Bebam o sangue deles!
Está caindo.
Fili!
É!
Ah, não!
Sr. Gandalf!
Ah, não, Dori!
Ajude-me!
Não!
Thorin! Não!
Tragam-me a cabeça do anão!
Matem-no.
Thorin!
Thorin!
Thorin.
O pequeno?
Está tudo bem.
Bilbo está aqui.
Ele está a salvo.
Você!
O que você fez?
Você quase foi morto!
Eu não disse que você seria um fardo?
Que você não sobreviveria no Ermo?
Que não havia lugar para você entre nós?
Eu nunca estive tão errado em toda a minha vida.
Lamento ter duvidado de você.
Eu também teria duvidado de mim.
Não sou um herói...
ou um guerreiro.
Nem mesmo um ladrão.
Aquilo é o que estou pensando?
Erebor...
a Montanha Solitária...
o último dos Grandes Reinos Anões da Terra-média.
Nosso lar.
Um corvo!
Os pássaros estão voltando para a montanha.
Meu caro Óin, aquilo é um tordo.
Mas vamos interpretar como um sinal.
-Um bom presságio. -Você tem razão.
Acredito que o pior tenha ficado para trás.
Descanse em Paz