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[Larry King, apresentador] Muito bem, vamos explorar o pensamento de Jacque Fresco
e a sociedade que ele gostaria de ver.
(Jacque Fresco) A razão pela qual enfatizamos as máquinas e a tecnologia
é a de libertar o Homem para se dedicar às coisas superiores.
As máquinas deviam fazer os trabalhos sujos, repetitivos ou aborrecidos.
Seriam precisos dez anos para mudar a superfície da Terra.
Para salvar o nosso ambiente, [considerando] a nossa estupidez, o nosso conflito,
temos de reorganizar a nossa forma de pensar e reconsiderar as nossas metas sociais.
Temos de nos empenhar nisto como o fazemos para colocar um homem na Lua.
[Jeff Hoffman, ex-astronauta da NASA] Como muitos miúdos, quando eu tinha 6 anos
sonhei em voar no espaço. Eu já tenho uma certa idade, pelo que
na altura, os únicos astronautas eram o Flash Gordon e o Buck Rogers.
Eu continuei e tornei-me astrónomo profissional.
Tive sorte suficiente para ser escolhido para o primeiro grupo de astronautas do vaivém.
Treinámos durante muito tempo.
E claro, passamos por vários tipos de simuladores diferentes.
Mas quando estamos mesmo lá, sentados no foguetão,
apercebemo-nos que: “Hey, isto não é o simulador!”
Todo o veículo treme um pouco na plataforma.
Então ouvimos este rugido por baixo de nós.
Todo o vaivém inclina-se para a frente um pouco.
E depois, conforme recua para a posição vertical,
de repente, "Wham!" Os reforçadores de combustível sólido incendeiam.
Há uma incrível vibração e ruído.
Nos próximos dois minutos, há tanta potência
sobre a qual estamos sentados.
Eu estava apenas a agarrar-me, a pensar para mim mesmo:
"Whoa! Espero que esta coisa se aguente."
E claro, aguentou-se.
Por essa altura, estávamos a olhar pela janela.
O céu azul já se tinha transformado na escuridão do espaço.
E eu podia ver à distância a costa de África a aparecer.
Lembro-me sempre daquela sensação no meu primeiro voo quando me apercebi:
"Uau, estás no espaço!"
Vê-se da órbita os amanheceres e os anoiteceres
16 vezes a cada 24 horas.
Voar sobre a Terra à noite, em particular,
dá-nos um verdadeiro sentido da civilização humana.
Durante o dia, olhamos para baixo e vemos as cores da Terra.
Vemos as formas da *** de terra, dos continentes.
Há muitas coisas bonitas para se ver durante o dia.
Também há a vista do impacto
que os humanos têm tido no nosso planeta, e isso pode ser bastante assustador.
Ao longo de 11 anos de voo
Assisti à selva Amazónia a ser continuamente desflorestada.
[Rondônia, Brasil 2010 24 anos de desflorestação]
À noite, via-se constantemente queimadas agrícolas
por todo o mundo.
Podia ver-se portos a serem assoreados.
Podia ver-se, em África, como a linha das árvores subia a cada ano.
Sabemos do aquecimento global e o que estamos a fazer à atmosfera.
Isso é outra coisa de que nos apercebemos do espaço,
o quanto a nossa atmosfera é fina.
Basicamente, a ideia de que estamos a assistir a esta destruição ambiental
na Terra, criada por humanos,
mas vemo-la de uma perspetiva cósmica,
significa que é algo que simplesmente não podemos ignorar.
O planeta está a responder à presença da humanidade.
[Carl Sagan, “Pálido Ponto Azul”, 1994] A Terra é um cenário muito pequeno
numa vasta arena cósmica.
Pense nos rios de sangue
derramados por todos aqueles generais e imperadores,
para que em glória e triunfo,
pudessem tornar-se os senhores momentâneos
de uma fração de um ponto. [Terra a 6 mil milhões de quilómetros]
Pense nas crueldades sem fim infligidas
pelos habitantes de um canto deste pixel
aos praticamente indistinguíveis habitantes de outro canto.
Quão ávidos estão para se matarem uns aos outros,
quão veementes os seus ódios.
As nossas posturas,
a nossa imaginada autoimportância,
a ilusão de que temos uma posição privilegiada no universo
são desafiadas por este ponto de luz pálida.
O nosso planeta é um grão solitário
na grande e envolvente escuridão cósmica.
Em toda esta vastidão, não há indícios
de que irá chegar ajuda de outro lugar
para nos salvar
de nós próprios.
O Projeto Vénus apresenta
A ESCOLHA É NOSSA
Documentário de Roxanne Meadows, Joel Holt Música de Kat Epple
PARTE I
(Narrador) Pela primeira vez temos a capacidade, a tecnologia
e o conhecimento para alcançar uma sociedade global de abundância para todos.
Não podemos continuar como estamos
ou as consequências serão certamente terríveis.
Um relatório de 2012 da ONU declara que um crescimento global da população
de 7 para quase 9 mil milhões é esperado por 2040.
As necessidades de recursos aumentarão exponencialmente.
Até 2030, a necessidade de alimentos está prevista aumentar 50%,
a energia 45%,
e a água 30%.
Atualmente estamos a esgotar recursos naturais
50% mais depressa do que o planeta consegue renovar.
A este ritmo, estima-se que precisaremos de mais 3 planetas Terra
para acompanhar as necessidades de recursos atuais.
- O que é a sexta extinção?
Está a acontecer neste momento? Qual é a sua causa?
- O que nós, como seres humanos, estamos a fazer ao planeta
está a mudar as condições básicas da vida
muito dramaticamente e muito rapidamente.
(Narrador) E no entanto, desde o desastre ambiental à guerra,
os nossos sistemas de valores obsoletos perpetuam a insanidade,
ameaçando-nos em várias frentes.
Será que o melhor que conseguimos fazer é apenas limpar depois do sucedido?
Serão os políticos capazes, ou mesmo competentes, para gerir o mundo à nossa volta?
(Gordon Brown) Deixem-me explicar.
Ordem! O primeiro-ministro.
(Narrador) Seremos simplesmente incapazes de antecipar
e de planear o nosso futuro?
Seremos naturalmente defeituosos em maneiras que não conseguimos mudar?
(Jornalista) Porque não usar simplesmente pelotões de fuzilamento? - Apontar!
(Narrador) Frequentemente ouvimos que a natureza humana é fixa...
É apenas a natureza humana!
...e que as nossas piores qualidades são inatas.
- Como é que eles vão deixar de ser criminosos? - Que disparate!
Nasceram assim e é escusado tentar mudá-los.
As Determinantes do Comportamento
[Henry Schlinger Jr., PhD] Penso que é difícil falar-se de uma natureza humana específica
como falamos sobre padrões de acção fixos ou modais em espécies não-humanas.
Mas sem dúvida que nos humanos, a aprendizagem desempenha o papel principal.
De facto, refiro-me aos humanos como "o animal que aprende",
porque os humanos aprendem mais do que qualquer outro animal.
(Narrador) E no entanto, tendo em conta a nossa história de agressão,
tendências bélicas,
invejas e ódio...
(Soldado americano) Continua a disparar
(Narrador) ...ainda temos muito a aprender.
Pensar-se-ia que seria impossível simplesmente negligenciar
as condições em que estamos imersos.
(Jacque) A cultura não sabe melhor.
Eles não sabem que forças estão envolvidas na formação do comportamento humano.
Assim, inventam o seu próprio conceito
e projetam os seus próprios valores no comportamento humano
e dizem que é a natureza humana.
É aí que estão errados.
Neste momento temos uma explosão de tecnologias na nossa cultura.
Acho que muitas pessoas pensam que a tecnologia nos vai salvar.
Certamente, a tecnologia tornou as nossas vidas mais fáceis em muitos aspetos.
- Encontrar lugar para estacionamento. - Lugar para estacionamento encontrado.
Às vezes é bom; outras vezes nem tanto.
(Jornalista) Drones armados com mísseis Hellfire...
Gostaria de ser pago para espiar os seus vizinhos?
Há uma tecnologia que não temos, de que precisamos seriamente
se vamos realmente mudar, é a tecnologia do comportamento.
A ciência do comportamento precisa de ser aplicada como as ciências da física,
química e biologia têm sido.
Este é o ingrediente que falta na nossa cultura.
E é o ingrediente mais difícil porque
opõe-se à maneira como a maioria das pessoas pensa sobre si.
(Narrador) Examinar o comportamento humano da mesma maneira
que qualquer outro fenómeno físico
permitir-nos-á compreender os fatores responsáveis pela formação
das nossas atitudes e conduta.
Todos os cientistas naturais assumem que as suas matérias de estudo
obedecem a leis e são ordenadas. Se não são, então não se pode fazer ciência.
Os cientistas do comportamento assumem que o comportamento humano e
o comportamento de outros organismos também obedecem a leis e são ordenados.
Não assumir isto significa que aceita que
o comportamento humano está de alguma forma separado do resto da natureza.
Nós não fazemos essa suposição; nós fazemos a suposição
que o comportamento humano faz parte da natureza.
(Narrador) O comportamento humano é tão obediente a leis como tudo o resto.
(Jacque) O girassol não se vira para o sol.
O sol fá-lo virar
ao puxar membranas.
Um veleiro não consegue velejar. O vento move-o.
As plantas não conseguem crescer. São empurradas
pela luz do sol, solo, temperatura, todo o tipo de coisas.
Todas as coisas são empurradas por outras.
Todas as pessoas são atuadas por outras coisas.
Lembre-se, a sua mãe disse: “copo, mesa, luz
papá, mamã” vezes sem conta até fazer o mesmo.
Até o ódio racial é aprendido.
(Locutor) ... enquanto os ideais de intolerância e superioridade racial
são ensinados a gerações sucessoras.
Você poderia ser criado para odiar afro-americanos.
Você poderia ser criado para odiar judeus, suecos, todo o tipo de pessoas.
- Odeio filipinos.
Odeio mexicanos.
Odeio-os todos!
Poderíamos criar um miúdo judeu numa cultura nazi.
Ele torna-se um bom nazi.
Um Efetor Principal?
(Narrador) Os processos mecânicos baseiam-se em vários sistemas em interação.
- Que tens aí, filho? - Um avião.
O que é que o faz voar? É a hélice?
- A hélice não irá girar se não tiveres o motor, certo?
- Então, é o motor? - Mas o motor precisa de combustível.
- Então presumo que seja o combustível que o faz voar.
- Quase, mas se não tiveres as velas de ignição,
e o oxigénio, o combustível não irá queimar.
- Então são as velas de ignição e o oxigénio?
- Poderia dizer-se que sim, mas mesmo com tudo isso a funcionar,
se não tiveres as asas e as superfícies de controlo para lhe dar sustentação
nunca sairá do chão
- Então são as asas e superfícies de controlo que o fazem voar?
- Na verdade, é tudo isto que falámos, filho. É uma máquina complicada.
Precisa de todas estas coisas a funcionar em conjunto para fazerem o avião voar.
Muito à semelhança de outras tecnologias e até mesmo o comportamento humano.
- Então são todas estas coisas que o fazem voar. - Exatamente, miúdo!
(Narrador) Tal como os sistemas mecânicos, o nosso comportamento
não tem uma causa única.
- Deus dá às pessoas sangue bom e sangue mau, e é tudo.
(Narrador) O nosso comportamento é gerado pelas inúmeras variáveis em interação
que encontramos.
(Henry) O ambiente nunca pode ser o mesmo para dois indivíduos.
Isto contraria muito as afirmações que as pessoas fazem quando dizem:
"Eu tenho três filhos. Foram todos criados
no mesmo ambiente, mas tornaram-se todos tão diferentes."
Bem, segundo essa definição, o mesmo ambiente
refere-se à casa em que viveram ou aos pais que tiveram.
(Jacque) Não existe tal coisa como "o mesmo ambiente".
Se tiver dois filhos, um tem 4 anos e está a brincar com ele,
e o de 7 anos fica ali a ver com o lábio inferior para fora.
Você pergunta: "O que se passa?" e o miúdo faz assim.
Está a criar ciúme e inveja. É daí que isso vem.
(Henry) Mas de uma perspetiva científica, o ambiente consiste realmente
nas interações de momento a momento entre o seu comportamento
e esses eventos, tanto dentro como fora de si.
Portanto, o ambiente está em fluxo constante.
(Jacque) Meta o miúdo novo e o mais velho no seu colo.
Diga: "Amo-vos aos dois".
Nunca brinque com apenas um dos dois ou tenha um favorito.
Se disser: "Tu podes ir ao cinema
mas tu não podes porque não fizeste os teus trabalhos de casa",
quando ela cair escadas abaixo, tens um sorriso na cara.
Não é que sejas mau, mas sentes que tens sido mal tratado.
(Narrador) Até os nossos conceitos de estética e beleza
são muitas vezes atribuídos a uma qualidade intrínseca,
mas uma investigação mais profunda revela que estas perceções
variam muito de sítio para sítio e ao longo da História.
(Henry) Acho que as noções de estética e beleza são na sua maior parte aprendidas.
Tudo o que temos de fazer é examinar entre as culturas
o que as pessoas consideram ser atrativo e belo.
Verá que essas noções diferem largamente de cultura para cultura.
Às vezes diferem largamente dentro da mesma cultura.
(Jacque) Há pessoas que usam anéis de latão à volta do pescoço.
Alongam o seu pescoço.
Se lhes tirasse esses anéis, a cabeça cairia
e para eles isso é beleza.
Nalgumas das ilhas que visitei,
se uma rapariga tivesse as nádegas salientes, isso era belo.
As outras raparigas não eram nada.
(Locutor) Até uma rapariga pode dar por si fechada numa jaula
até que ganhe quase 120 kg que a tornam quase,
mas não totalmente elegível para o casamento no seu país.
(Henry) Eu sei que existem sugestões de que há contribuições genéticas
para aquilo que achamos que é belo,
mas acho que a explicação mais parcimoniosa que podemos ter para
o que constitui a beleza para um indivíduo tem de vir
do ambiente desse indivíduo, a cultura na qual ele é criado.
(Jacque) Se toda a gente tivesse um nariz com 30 cm de comprimento, você faria uma cirurgia.
Não existe tal coisa como a beleza.
É tudo uma projeção.
Se casar com a rapariga mais bonita do mundo
e ela se demonstrar ser uma chata,
a cara dela torna-se feia para si.
(Narrador) Alguns investigadores estão a propor que os genes
e não a educação, determinam se alguém poderá tornar-se um criminoso
e até mesmo um assassino.
(Henry) Se perguntar às pessoas para lhe dizerem o que determina se elas se tornam
um médico, ou um advogado, ou outra profissão qualquer,
a maioria das pessoas concordará que está relacionado com a sua educação:
as influências dos seus pais, dos professores, de outros.
Não os genes. Os genes não determinam se irá tornar-se um advogado ou um médico.
(Narrador) Os genes não nos dão um sistema de valores
ou um nível de processo pelo qual operamos.
(Henry) Os genes não moldam o nosso comportamento. Os genes em si
foram moldados pela nossa história evolucionária.
Mas o nosso comportamento sozinho é inquestionavelmente moldado
pelo ambiente ao qual estamos expostos.
(Narrador) O comportamento não ocorre num vácuo.
É sempre dependente de considerável input ambiental.
(Jacque) Eu queria saber se os homens têm uma atitude natural relativamente às mulheres,
ou será que a aprendem?
Então viajei para uma ilha há anos.
O interessante acerca dos habitantes da ilha era que não usavam roupa.
Nunca vi um homem olhar fixamente para o corpo de uma mulher.
As crianças nadam nuas quando são bebés.
Rapazes e raparigas juntos.
Não havia voyeurs na ilha.
Não havia imagens de mulheres nuas nas paredes das suas cabanas
porque era uma coisa normal estar nu.
Eles diziam às raparigas: "Eu gostar de ti".
Acariciavam-nas do topo da cabeça até aos pés.
Não se fixavam nos seios.
Os homens fixam-se nos seios das mulheres neste país
porque são ensinados: "Hey, topa-me aquela gaja!".
O Jogo da Culpa
- E de quem é a culpa?
- A culpa não é dos democratas.
- E é tudo culpa do Obama!
(Henry) A noção tradicional, que é aquela que dá
ao indivíduo responsabilidade pessoal e autonomia,
é uma que dá crédito ao indivíduo pelo seu comportamento
e também, por outro lado, culpa o indivíduo pelo seu comportamento.
(Jacque) Culpar as pessoas pelo seu comportamento
é uma das coisas mais prejudiciais
da nossa dita cultura avançada.
O seu comportamento é moldado pela cultura em que crescem.
(Henry) Isto é construído sobre, ou baseado em, uma suposição
de que somos livres; nós livremente escolhemos o nosso comportamento.
Mas uma perspetiva científica na verdade assume o ponto de vista oposto.
A perspetiva científica é determinista, a qual sugere
que o nosso comportamento obedece a leis e é ordenado, o nosso comportamento é causado.
(Jacque) Não há nenhum assassino em série que não tenha antecedentes
que o tenham tornado assim.
Todo gangster de Nova Iorque
é feito assim, ao associar-se com pessoas como essas.
(Narrador) Os nossos sistemas social e jurídico culpam e punem o indivíduo.
No entanto, estas tentativas de modificar a conduta por meios punitivos
ignoram os antecedentes e meio envolvente da pessoa,
os quais moldam esse comportamento para começar.
(Locutor de TV) Desde gangues de prisão da velha guarda
a gangues de rua desordeiros:
é uma mistura perigosa tanto para os funcionários como para os detidos.
(Narrador) A investigação mostra que a aprendizagem
também modifica a estrutura física e química do cérebro.
Obviamente, há muitos fatores contribuintes,
mas os genes desempenham um papel pequeno em comparação com os efeitos
do ambiente geral no modo como aprendemos.
(Jacque) Nenhum bebé chinês alguma vez nasceu a falar chinês.
Sabia? Eles tiveram de ir à escola para aprender a língua.
Nenhum bebé francês alguma vez nasceu a falar francês.
Não importa quantos anos os pais falaram francês
eles têm de aprendê-lo.
(Henry) O nosso córtex cerebral é realmente construído sobre plasticidade.
O nosso comportamento é muito maleável e muito adaptável.
Somos a criatura mais adaptável no planeta.
Se olhar para a história da humanidade no planeta
verá que temos aprendido a adaptar-nos a
todos os ambientes do planeta.
(Jacque) A única diferença entre um pregador e um ladrão
é o ambiente onde foram criados.
(Narrador) Nós não chegamos às nossas próprias conclusões
sem quaisquer influências externas.
Nós não mudamos as nossas mentes.
As nossas mentes são mudadas por eventos.
- Ouviu falar neles, os irmãos Wright?
- Não.
- Dizem que querem construir uma máquina voadora.
- Nunca vai haver uma máquina voadora.
Se Deus quisesse que eles voassem, dar-lhes-ia asas.
(Gargalhadas)
(Narrador) As nossas mentes são mudadas por eventos.
- Mudei de ideias!
- Sim, eu também.
(Jacque) Se nascer com um cérebro que é mais eficaz,
mais rápido do que o cérebro comum,
torna-se um fascista mais depressa
se for criado num ambiente fascista.
Um bom cérebro não consegue descrever aquilo que é significativo.
O cérebro não tem um mecanismo de discriminação;
só a evidência experimental determina isso.
(Narrador) Se o meio envolvente que estabelece os nossos valores se mantiver inalterado,
apesar dos apelos de poetas, padres e políticos,
os mesmos comportamentos e valores persistirão.
(Jacque) Se disser às pessoas que não podem pescar numa determinada área,
se não providenciar comida para essas pessoas
e os meios de subsistência, elas irão violar essas leis.
Todas as leis têm de coincidir com a natureza do mundo físico.
Mas não é a lei que previne o crime,
é se cumpre as condições.
(Jornalista) Hoje em dia, os caçadores de rinocerontes vêm de helicóptero
armados com fortes tranquilizantes, e uma motosserra.
O chifre de rinoceronte vale agora mais do que ouro.
(Jacque) Se as pessoas estiverem desempregadas,
farão o que for preciso para alimentar a sua família.
Se fizer uma lei e dizer que não se pode roubar comida,
elas irão roubar comida, se isso servir as necessidades da sua família.
Qualquer lei feita pelo Homem que não se encaixe
nas circunstâncias da realidade será violada.
(Narrador) Ideais e aspirações superiores, pelos quais as pessoas esperam,
não podem ser realizados quando há privação e guerra.
[Andrew Bacevich, Univ. de Boston] Se quiser bombardear alguém
há notavelmente pouca discussão sobre quanto isso poderá custar.
Mas quando se discute sobre se se pode ou não
ajudar pessoas que estão a sofrer,
então, de repente, tornamo-nos muito custo-conscientes.
(Narrador) Nenhuma cultura avalia o comportamento humano desta forma.
Se o fizessem, questionariam: o que é que gera a ganância,
fanatismo, desigualdades e guerra?
(Jacque) Eles criam-no com os valores que os colocam no poder.
(Narrador) Infelizmente, todas as sociedades até à data
têm doutrinado as pessoas segundo valores que perpetuam aqueles no poder.
PARTE II
(Narrador) Então, vamos investigar os fatores-chave
que governam as vidas das pessoas e nações:
dinheiro, e os valores,
comportamentos e consequências que este produz.
- Dados de tempo e vendas
- Funcionários rapidíssimos
"Foi difícil para as primeiras formas de vida
arrastarem-se para fora do lodo primordial
sem trazerem parte dele consigo." ~Jacque Fresco
(Narrador) Como um remanescente da Antiguidade
o dinheiro serve agora principalmente como um mecanismo de corrupção,
privação e controlo, nas mãos de uns poucos.
[Abby Martin, Jornalista e Apresentadora] Tem corrompido tudo.
Todas as instituições em que vivemos estão corrompidas pelo dinheiro.
O que é fascinante para mim é que
podemos tornar-nos escravos de algo que criámos,
não fisicamente, mas apenas mentalmente escravizados
por uma noção que foi inventada pela humanidade.
É arcaico, porque acho que já superámos aquilo que o dinheiro pode fazer.
“É bom que o povo da nação
não entenda o nosso sistema bancário e monetário, pois se o entendesse,
acredito que haveria uma revolução antes de amanhã de manhã.”
~Henry Ford, Ford Motor Company
(Narrador) Numa tentativa desesperada de sobreviver, muitos têm vários empregos.
Eles poderão roubar, mentir ou defraudar.
(Jacque) Criando tanto stress para a pessoa comum.
...preocupações com a renda, perda de emprego, não conseguir pagar a casa.
Numa escala maior, a motivação do lucro
cria um ciclo implacável de devastação.
Doença, poluição e guerra são aceites como normais.
[H. R. McMaster, General dos EUA] Há uma espécie de economia de tempo de guerra
que começa a autoperpetuar-se.
Temos pessoas poderosas, dentro de um vácuo de poder na verdade,
que têm no seu interesse perpetuar o conflito.
(Narrador) Mas beneficia os poucos no topo que vivem parasitariamente
da manipulação e controlo do dinheiro.
[Dylan Ratigan, Autor e Apresentador] O sistema bancário, neste momento, está efetivamente a escravizar indivíduos,
a escravizar estudantes, a escravizar instituições
e a sugar-lhes os recursos.
[Karen Hudes, Economista e Advogada] Eles montaram-no de modo a existirem bancos centrais privados
que poderiam cobrar juros a a toda a gente sobre a moeda,
permitindo-lhes enriquecer sem terem de fazer nada.
Quem tem feito tudo isto? É um grupo de banqueiros,
o Sistema da Reserva Federal; é um sistema privado.
- O Fed é um banco privado detido por acionistas privados.
Não deixem que o nome "federal" vos engane.
(Karen) Em 1913, que foi quando Woodrow Wilson
permitiu que a legislação do Sistema da Reserva Federal fosse aprovada,
a maioria das pessoas do Congresso tinha ido para casa.
(Narrador) Esta legislação entregou o sistema de banco central
dos Estados Unidos ao Conselho de Governadores da Reserva Federal,
tornando-os o único grupo que podia emitir notas da Reserva Federal
ou dólares americanos.
(Karen) O presidente Wilson arrependeu-se disso.
Ele disse que tinha acabado de vender este país.
"Uma grande nação industrial é controlada pelo seu sistema de crédito.
O nosso sistema de crédito está concentrado.
O crescimento da nação, portanto, e todas as nossas atividades
estão nas mãos de poucos homens.
Tornámo-nos um dos mais mal dirigidos,
um dos mais completamente controlados e dominados governos
do mundo civilizado; um governo pela opinião e coação
de pequenos grupos de homens dominantes.”
~Presidente Woodrow Wilson, 1916
[Erin Ade, Repórter e Apresentadora] É um sistema fiduciário sob o qual operamos.
Na verdade, é alguém a pressionar números num computador algures;
é assim que fabricamos dinheiro hoje.
(Karen) Não há nada a suportá-lo; não há nada por detrás dele.
(Narrador) Quando o governo gasta mais do que recebe em impostos
e precisa de dinheiro, não imprime o seu próprio dinheiro,
mas pede-o emprestado à Reserva Federal a troca de títulos dos EUA,
o qual o Fed fornece com juros.
Quando as pessoas e corporações querem dinheiro, elas também vão aos bancos.
O sistema está viciado. Se um banco comprar um título de $100,
o banco pode emprestar 10 vezes essa quantia, ou $1000.
Eles criaram os fundos extra a partir do nada:
sem dinheiro, ouro, ou algo que os suporte.
O banco também recebe de volta os empréstimos com juros, por todo o dinheiro emprestado.
O dinheiro é criado desta forma a partir da simples assinatura
de um mutuário com a promessa de o pagar de volta.
Para piorar a situação, muito frequentemente, as pessoas acabam a pagar de volta a quantia
várias vezes por causa dos juros.
Este é o processo pelo qual indivíduos,
empresas e governos adquirem dinheiro.
É respeitavelmente referido como "sistema de reservas fracionárias"
e é utilizado globalmente pela maioria dos outros sistemas bancários,
mantendo as pessoas e nações inteiras em dívida perpétua.
(Karen) Se continuarmos a imprimir dólares sem qualquer suporte, a certa altura
as pessoas perdem a confiança na moeda, e é isso que tem acontecido.
(Dylan) O sistema bancário, neste momento, está no negócio de fabricar risco
através da criação de dívida para indivíduos e populações.
Existe o risco dessas pessoas não pagarem essa dívida de volta,
mas as obrigações desse risco têm sido continuamente atribuídas
ao contribuinte americano e à moeda americana.
(Karen) Estamos neste momento numa situação
onde as moedas do mundo estão prestes a falhar.
Ninguém sabe quanto tempo vai levar, mas o Sistema da Reserva Federal
tem andado a imprimir dólares como se não houvesse amanhã.
(Dylan) Temos o que é efetivamente um negócio criminoso
baseado na manipulação da atenção, recursos
e tempo das pessoas, com o fim de extrair valor delas.
(Karen) Estão-nos a roubar dinheiro assim.
Estão a roubar os resultados dos nossos esforços e do nosso trabalho.
(Dylan) Isto é algo que tem crescido como um cancro na nossa sociedade.
(Karen) Estes banqueiros são todos parte de um sistema
chamado Banco de Compensações Internacionais (BIS).
- A maioria das pessoas, mesmo nos negócios e na banca, não entende
este banco e o seu papel; o BIS.
(Karen) Eles detêm 40% dos ativos
das 43.000 empresas que são negociadas nos mercados de capitais.
- O banco gere-se a si próprio. Tem um conselho de administração que é composto
por 15 governadores de bancos centrais de todo o mundo.
(Karen) ... e eles absorvem 60% dos lucros anuais.
Eles subornaram todos os nossos media, e esses media estão a iludir os cidadãos.
(Abby) Os media transformaram-se em vendedores dos interesses corporativos
dos senhores do dinheiro que controlam o estabelecimento político.
Há cerca de 118 pessoas que se sentam
nestas cinco corporações de media gigantescas.
Todos eles servem conselhos de administração diferentes, desde a Monsanto
às armas, à comida...
Quando se tem todos estes interesses a misturar-se,
torna-se muito mais difícil diferenciar
os interesses que estamos a ver exibidos nos media convencionais.
(Locutor da TV) Justo, equilibrado.
(Dylan) Se quiser perceber o poder, então tem de perceber
quem nomeia os candidatos,
e não quem vota pelos candidatos.
O nosso sistema não é uma democracia.
A percentagem da nossa população que participa no processo de nomeação
é literalmente menos de 5% da população
e na verdade menos de 1% da população.
Se eu estivesse no controlo do processo de nomeação
de tudo o que as pessoas comem
e nomeasse sempre hambúrgueres com queijo ou frango frito,
e lhe dissesse que isto era uma democracia e que poderia comer tudo o que quisesse
desde que fosse um hambúrguer com queijo ou frango frito.
Seria isto uma democracia? Eu poderia vendê-lo como uma democracia
porque eu não decido se você come hambúrgueres com queijo ou frango frito.
Você pode votar numa eleição enorme e bem divulgada
para decidir se vamos ficar com frango frito ou hambúrgueres com queijo.
E as pessoas organizam-se em verdadeiros grupos tribais,
uns antifrango frito e outros pró-hambúrgueres com queijo,
ou então, eles vão explicar-lhe exatamente porque é que os hambúrgueres com queijo vão ser
o fim do mundo e porque é que o frango frito o vai salvar a si.
Quem Cria as Regras?
(Narrador) Aqueles que o podem pagar
contratam lobistas que essencialmente compram políticos.
Na maioria das casos, qualquer um dos partidos servirá as suas necessidades.
[Professor James Thurber, Apresentador] A definição de lobista nos Estados Unidos é alguém
que defende interesses de outrem e está a ser pago para isso.
(Narrador) As leis então decretadas, são muitas vezes escritas
pelas corporações para seu benefício próprio.
O professor Thurber vê uma explosão subterrânea no lobismo
e estima que a indústria na realidade traz mais de $9 mil milhões por ano,
excedida somente pelo turismo e governo.
- A razão pela qual nós não estamos a mudar as coisas neste momento é que
os bancos têm lobistas em Washington em números que eu nunca vi.
(Narrador) Os lobistas estão estritamente lá para comprar acesso.
Eles não estão lá para melhorar o processo democrático.
As famílias e pessoas que trabalham simplesmente não têm esse tipo de representação,
poder ou influência para cuidar das suas necessidades.
- Eles conceberam o sistema para se reforçarem e, em certo sentido,
se financiarem a si próprios baseados em interesses especiais.
(Erin) Tudo o que existia em 2007-2008
com que ficámos com tanto medo: os títulos garantidos por hipotecas,
os swaps de risco de incumprimento, os outros derivados.
Eles ainda existem. Sem dúvida que sim.
Sim, há requisitos mais elevados de capital para os bancos,
para que não possam ser tão alavancados, mas esses não são assim tão elevados.
(Abby) Se não temos uns media que informam sobre
quem está realmente a escrever estes projetos-lei e a passar esta legislação
e qual o seu objetivo e quem ela serve,
então estamos a viver numa ilusão.
[Paul Wright, Autor] Geralmente, as leis neste país são escritas pelos ricos
e poderosos porque penso que, por definição,
são quem controla as legislaturas e
os altos comandos do sistema de poder neste país.
(Eryn) Esta é uma realidade assustadora porque
pode pagar o caminho para a implementação de leis
que o servem a si e à sua corporação como gostaria que o servissem.
(Abby) A completa impunidade que as corporações têm
para operar inexoravelmente e poluir o planeta inteiro...
- Um grande derrame de cinza de carvão tóxica
está novamente a levantar questões acerca da segurança da água
e dos reguladores do governo que supervisionam a indústria.
(Abby) Há responsabilidade zero, para além da palmada na mão
de algumas multas aqui e ali; quero dizer, desde o trabalho escravo
à exploração dos recursos do planeta.
(Narrador) A palmada na mão das indústrias que poluem, tomam atalhos
e violam políticas irá continuar, enquanto for lucrável fazê-lo.
(Erin) A JP Morgan pagou $13 mil milhões em multas no ano passado!
Se tem esta quantidade de dinheiro só para pagar multas...
e eles reservam $19 mil milhões, para pagarem multas!
(Repórter) A JP Morgan vai pagar $410 milhões para resolver as acusações
com o governo, mas a JP Morgan não admite qualquer infração.
(Repórter) A Goldman Sachs resolveu cedo este caso por $550 milhões
sem admitir infrações.
(Repórter) A UBS acordou pagar cerca de $50 milhões.
Sob os termos do acordo, a UBS não admitiu qualquer infração.
(Paul) Eu acho que as pessoas cometem os crimes que estão
na posição social para cometerem.
Penso que foi Bertolt Brecht que perguntou: "Qual é o maior crime:
roubar um banco ou ser dono de um?"
Penso que, como temos visto, tudo desde os escândalos de poupanças e empréstimos
ao colapso de Wall Street, que muitas vezes os gestores dos bancos
estão frequentemente a pilhar as instituições que os empregam.
Cometem todas as formas de atos ilegais
e no entanto são muito raramente processados por eles.
Ao longo da História, tem havido muito pouco fingimento
de que o governo também tem agido como um agente para a classe rica.
(Erin) Sim, talvez haja políticos idealistas que entraram no jogo para
mudar o mundo, mas se forem bons - minimamente bons no seu trabalho -
já não estão a mudar o mundo. Estão a servir os interesses
dos seus doadores, se quiserem subir no mundo da política.
(Jacque) Eles dizem: "Escreva ao seu congressista."
Quem diabo é este asno a quem tem de se escrever?
Ele deveria estar na vanguarda da tecnologia e do conhecimento.
Não tem de lhe escrever.
Tenho a certeza que a maioria de vocês já voou em aviões comerciais.
Não têm de escrever ao piloto a dizer: "Está a voar de lado!
Endireite o avião, porra!"
Ele sabe o que está a fazer; é por isso que obteve o emprego!
As pessoas em Washington agora são advogados e homens de negócios
e não conseguem resolver problemas.
(Erin) Se o que importa é um mundo guiado pelo lucro, então esses interesses
vão ser servidos primeiro, e tudo o resto será secundário.
Esta é a triste realidade.
(Abby) Não há nenhum sistema de valores que seja divulgado aí fora
que seja realmente benéfico para a humanidade
porque é baseado no consumismo e realização de lucro.
(Jacque) Usamos bombeamento artificial em animais para os fazer crescer mais depressa.
Se conseguir multiplicar as células de uma galinha mais depressa, pode vendê-la mais cedo.
Será que isso tem um efeito sobre o corpo humano?
Eles não se preocupam com isso. Eles preocupam-se com a venda das galinhas.
(Narrador) A riqueza está a ir para os ricos mais depressa do que em qualquer outra época na História.
(Abby) O sucesso do mundo industrializado tem estado dependente do fracasso
e da falta de desenvolvimento do mundo em desenvolvimento.
A razão pela qual eles estão sufocados é porque estão
endividados ao primeiro mundo; nós não estaríamos a prosperar
se não fosse pelo trabalho corrente e a servidão contratada
que se está a passar em todos os países em desenvolvimento.
Então a dinâmica de poder nunca pode mudar a esse respeito,
porque está literalmente dependente em ser assim.
(Repórter) O trabalho sujo e perigoso feito por crianças.
Os trabalhos nas fossas estão tipicamente reservados para os adolescentes
com apenas ramos de árvores a segurar as paredes da mina.
O risco para eles é real.
- Os governos ricos gostam de dizer que estão a ajudar os países pobres a desenvolver-se,
mas quem está a desenvolver quem aqui?
Todos os anos os países pobres pagam cerca de $600 mil milhões
em serviço de dívida aos países ricos
sobre empréstimos cujos valores iniciais já foram pagos várias vezes.
E depois há o dinheiro que os países pobres perdem com as regras de comércio
impostas pelos países ricos.
Tudo junto, é mais de $2 biliões por ano.
(Narrador) Os sistemas de dinheiro existem há séculos,
e quer nos apercebamos ou não, têm sido sempre usados para controlar o comportamento,
ao limitarem o poder de compra da maioria das pessoas.
Um exemplo disto é o sistema de justiça criminal.
Muitos afirmam que as prisões não funcionam.
Mas em última análise, as prisões são um sucesso inequívoco
como uma ferramenta de controlo social para salvaguardar
o sistema político e económico estabelecido.
(Paul) Se contratar pessoas cuja única especialidade é encarcerar
pessoas para tentar corrigir os problemas sociais,
não irá obter uma solução muito boa.
Mas eu acho que eles são muito bons a encarcerar pessoas
e acho que é por isso que o encarceramento em *** tem sido
um enorme sucesso para a classe dominante neste país.
Os Estados Unidos são realmente o número um em muitas coisas
e eu acho que a maior coisa em que podemos dizer que somos o número um
é na quantidade de pessoas que metemos na prisão.
Os Estados Unidos têm aproximadamente 5% da população mundial
mas nós temos 25% dos prisioneiros do mundo.
A China tem 4 vezes mais pessoas que os Estados Unidos
e metade dos prisioneiros.
Os Estados Unidos têm mais prisioneiros do que a União Soviética fez
no auge das purgas e da coletivização,
na década de 1930, no infame Gulag soviético.
Consequências da Pobreza
(Narrador) A pobreza é um ciclo vicioso donde raramente os pobres escapam.
Estudos indicam que a escassez pode reduzir a capacidade mental
e o desempenho cognitivo.
Nas crianças, afeta o desenvolvimento do cérebro e a memória.
Adicionalmente, os pobres são frequentemente forçados
a viver em zonas com baixa qualidade de ar.
Longe de ser um problema apenas para os pobres,
todas as áreas do espectro socioeconómico sofrem
quando o nosso ar, comida e água são poluídos pelas emissões de combustíveis fósseis
e pela radiação de acidentes nucleares.
Impacto Planetário
[Mark Jacobson, Engenharia, Stanford] A atual infraestrutura energética resulta em cerca de 2,5 a 4 milhões
de mortes por ano, em todo o mundo, devido a doenças respiratórias,
doenças cardiovasculares e problemas de asma.
(Repórter) Estamos na baixa de Pequim e os indicadores de poluição
mais uma vez dispararam.
As leituras são cerca de 25 vezes os padrões estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde.
(Mark) ...incluindo 50 a 100 mil mortes por ano nos Estados Unidos
e 16 mil só na Califórnia.
(Abby) O sistema económico em que vivemos hoje está a destruir o planeta
porque é baseado num modelo insustentável.
Estamos a ver provas disso agora mesmo.
(Mark) A infraestrutura energética atual, que já dura há muito tempo,
tem resultado na acumulação de gases de efeito estufa e
partículas que causam o aquecimento do clima da Terra.
O clima da Terra está a aquecer ao ritmo mais rápido de sempre
desde o degelo da última idade do gelo.
Quais são os Verdadeiros Custos?
Além disso, os níveis mais elevados de CO2:
o CO2 é uma [molécula] que se dissolve na água e torna-se ácido carbónico
e tem resultado na acidificação dos oceanos.
Isto está a destruir os recifes de coral.
(Jeff) Temos de perceber que o nosso planeta tem uma certa quantidade
de energia regenerativa, e não há dúvida de que
já passámos por numerosas extinções mundiais.
Temos registos fósseis disso e a Terra tem recuperado.
Mas existe uma capacidade de sustento limitadora.
(Mark) Existem muitos impactos adicionais do aquecimento global.
O aumento do nível do mar é uma grande preocupação, por exemplo:
neste momento há cerca de 65 a 70 metros de nível do mar armazenados no gelo
sobretudo na Antártida, mas também nos glaciares da Gronelândia
e também no gelo marinho do Ártico e noutros locais.
Se a temperatura aquecer o suficiente para derreter todo este gelo,
isto significa que os níveis do mar vão subir entre 65 a 70 metros
e isto cobrirá 7% do território mundial e...
Tudo isto é ao longo da costa onde a maioria das pessoas do mundo vivem,
isto causará um desastre significativo.
Também estamos a assistir a um aumento de tempestades, intensidade dos furacões,
e a maiores extremos meteorológicos associados ao aquecimento global.
Existem problemas significativos associados a isto e estes estão todos ligados
às emissões do carvão, petróleo e combustão de gás
que têm estado a ocorrer desde a Revolução Industrial,
que teve início na segunda metade do século XVIII.
"Será a Terra o Manicómio do Universo?"
(Narrador) É provável que a própria guerra possa ser a nossa ruína,
quanto mais o ambiente.
Os nossos brutais comportamentos competitivos não são natureza humana,
mas simplesmente um resultado da escassez, tornando-nos todos competidores
na luta para obter o que precisamos para sobreviver.
Embora a escassez ocorra naturalmente,
também é intencional por parte das indústrias e governos para o lucro
e o interesse nacional.
Enquanto as nações estiverem imersas em escassez
vamos continuar a ter conflitos entre as pessoas.
Crimes, homicídios
e outros tipos de violência,
até à guerra total;
a derradeira expressão da estupidez humana.
- Bombardeia-os para o inferno!
Estes comportamentos devem ser ultrapassados se queremos sobreviver.
- Larguem as bombas em cima deles! - É a melhor ferramenta de recrutamento para a al-Qaeda.
Isto garante que o ciclo de violência irá continuar.
(Narrador) Com a nossa capacidade tecnológica de providenciar para todos
temos de dar passos rumo a uma abordagem diferente.
Ou o ciclo interminável de expansões, recessões
e guerra irá continuar.
- Ah, não! Paz no nosso tempo. Ai ai ai.
"Se não acabarmos com a guerra, a guerra acabará connosco." ~H. G. Wells, 1936
(Dylan) Ninguém, incluindo - sobretudo - os Estados Unidos
vai para a guerra para libertar ou espalhar a democracia.
O único incentivo, num nível prático, para se ir para a guerra
é adquirir recursos.
No caso dos Estados Unidos, frequentemente são recursos energéticos,
ou devo dizer, apoiar alianças políticas
para preservar o acesso a recursos energéticos.
(Narrador) Smedley Butler, um Major-general do Corpo de Marines dos Estados Unidos,
que era o marine mais condecorado na altura da sua morte,
disse-o bem quando escreveu:
"Passei 33 anos e quatro meses no serviço militar ativo
e durante esse período passei a maior parte do meu tempo
como um capanga de alta classe para os Grandes Negócios,
para Wall Street e os banqueiros.
Em resumo, era um escroque,
um gangster do capitalismo.
Ajudei a tornar o México seguro para os interesses petrolíferos americanos.
Ajudei a tornar o Haiti e Cuba num sítio decente
para os rapazes do National City Bank lá arrecadarem receitas.
Ajudei na violação de meia dúzia de repúblicas centro-americanas
para o benefício de Wall Street.
Ajudei a purificar a Nicarágua
para a International Banking House of Brown Brothers.
Trouxe luz para a República Dominicana para os interesses do açúcar americanos.
Ajudei a corrigir as Honduras para as empresas de fruta americanas.
Na China, ajudei a garantir que a Standard Oil seguia o seu rumo sem ser perturbada.
Olhando para trás, poderia ter dado umas dicas ao Al Capone.
O melhor que ele conseguia fazer era operar o seu esquema em três distritos.
Eu operei em três continentes.
A guerra é um esquema. Sempre foi.
Uns poucos lucram e os restantes pagam. Mas há uma maneira de o parar.
Não se pode acabar com ele através de conferências de desarmamento.
Só pode ser esmagado efetivamente removendo-se o lucro da guerra."
(Jacque) As nossas universidades hoje estão mais bem equipadas que nunca: os melhores microscópios,
o melhor equipamento científico, as bombas estão a ficar piores.
As guerras estão a ficar piores. A matança está a ficar pior.
Não é preciso matar pessoas, ou bombardear cidades.
Há algo de errado com a nossa cultura; algo de muito errado!
(Narrador) Culpar um indivíduo ou uma corporação
não nos leva às causas-raiz dos problemas.
A própria estrutura do nosso sistema socioeconómico mete toda a gente à solta
para satisfazer as suas próprias necessidades,
criando um ambiente predatório e competitivo.
Tentar encontrar soluções para os problemas monumentais
no interior da nossa sociedade atual servirá apenas como um remendo temporário,
prolongando o que se está rapidamente a tornar um sistema obsoleto.
PARTE III
(Narrador) Agora, mais do que nunca,
uma civilização sustentável é possível, e para além disso, essencial.
Os nossos designs sociais, linguagem e valores evoluíram há muito tempo atrás.
A realidade da escassez em tempos anteriores moldou os nossos comportamentos
e mantém-se profundamente enraizada em todas as culturas de hoje.
A história da civilização é uma história de mudança.
e isto inclui os nossos sistemas sociais também.
Os nossos primeiros esclarecimentos não foram senão passos intermédios
no desenvolvimento sequencial da nossa ciência e tecnologia atuais,
as quais poderiam agora produzir e distribuir abundância para todos.
A Marcha dos Eventos
[Erik Brynjolfsson, PhD, MIT] Não há dúvida de que muitos empregos simplesmente não vão voltar.
Mas provavelmente o maior contribuidor para isto
é a forma como a tecnologia está a avançar.
Se continuarmos no caminho atual,
os próximos 10 anos serão ainda mais perturbados que os últimos 10 anos
porque a tecnologia está a acelerar mais depressa.
(Jacque) Se continuarmos a dispensar as pessoas
e a colocar máquinas, que é o que está a acontecer na indústria automóvel
elas pegam no carro e giram-no, enfiam o motor nele...
Estão a afastar as pessoas.
Chega a uma altura em que
milhões não terão o poder de compra para comprar carros.
É aí que o sistema colapsa.
- Todo o nosso crescimento está associado com o aumento do consumo,
aumento do uso de energia e de outros recursos.
E quando se pergunta aos economistas: "Bem, qual é a alternativa
que nos permite continuar a prosperar
sem destruir o ambiente natural do qual dependemos?",
eles não parecem ter uma resposta para isto.
(Jacque) Não há solução dentro do contexto do tipo de sociedade atual.
(Narrador) O Projeto Vénus propõe uma alternativa viável.
A meta do Projeto Vénus é garantir,
proteger,
e assegurar um mundo mais humano para todos,
através da aplicação da tecnologia e cibernética,
com preocupação humana e ambiental.
(Jacque) As pessoas precisam de informação para poderem avançar para o futuro inteligentemente.
Sem informação, não há forma de se desenvolver uma cultura sustentável.
Não pode ser feito politicamente, porque os problemas são técnicos.
Se conseguisse recrutar as pessoas mais éticas do mundo,
com a mais alta moralidade
e as colocasse no governo,
quando a luz faltar na sua casa, ainda precisará de um eletricista.
Quando as barragens não geram eletricidade suficiente
não precisa de um político de elevada moral.
Precisa de um engenheiro eletrotécnico.
Então os nossos problemas no mundo podem ser resolvidos por pessoas técnicas.
O Projeto Vénus aplica os métodos da ciência ao sistema social.
[Lawrence Krauss, Física Teórica, ASU] O que a ciência nos proporciona,
é uma grande quantidade de informação
acerca das implicações das diferentes opções que temos.
Portanto, a ciência ajuda-nos a tomar melhores decisões ao informar essas decisões.
É por isto que é uma pena afastarmo-nos da ciência na arena pública.
[Paul Hewitt, "Física Conceitual"] A ciência não é uma forma emocional, ou uma forma de pensamento ilusório,
mas sim uma forma racional de ver quais são as ligações.
É isto que é a ciência.
Como não poderia isto aplicar-se a tudo?
(Lawrence) O método científico, muito simplesmente,
é um processo pelo qual se pode tentar distinguir
aquilo que descreve com precisão o universo, daquilo que não o descreve.
Envolve vários passos.
Frequentemente, claro, faz-se uma suposição ou previsão
acerca dos fenómenos resultantes, com base numa teoria.
Mas depois, e mais importante, usa-se dados empíricos - ***.
Testa-se a ideia de uma forma que seja falsificável.
(Jacque) Quando disseram aos cientistas: "Conseguem pôr um homem na Lua?"
Eles responderam: "Não sei."
Perguntaram: "Como descobrem?"
"Bem, temos de por um tipo numa centrifugadora
e rodopiá-lo para ver até onde aguenta.
Então saberemos quão rápido pode ir um foguetão.
Não podemos arrancar a 11 quilómetros por segundo. O tipo ficaria desfeito."
Após tentarem todas estas coisas, então eles dizem:
"Aqui está o que temos de fazer para pôr um homem na Lua".
(Lawrence) É preciso realizar *** adicionais que sejam mais seletivos
para se determinar, de facto, quão precisa a ideia é.
E a ciência continua pelo processo de se testar continuamente as ideias.
(Paul) Se falarmos na natureza, entramos
nas regras pelas quais a natureza opera.
E ela opera segundo regras muito específicas.
O que quer dizer que é previsível.
E portanto, o que é a ciência, para mim?
É mais do que um corpo de conhecimento.
É uma forma de pensar.
Linguagem da Ciência
(Jacque) A linguagem, em si, está sujeita a interpretação.
Quando diz algo, isso passa pelos meus filtros
e sai um pouco diferente daquilo que quis dizer.
Agora, se tivesse isto no mundo científico - mundo da engenharia...
Quando os engenheiros falam entre si, usam referentes físicos para a sua linguagem.
Se todos interpretassem o que pensam que o outro tipo quis dizer,
não conseguiríamos construir pontes; elas colapsariam.
Na medicina, quando um médico diz: "Pinça hemostática", a enfermeira não lhe passa uma toalha.
Passa-lhe uma pinça hemostática.
Então, esta linguagem é muito precisa.
(Lawrence) O que se passa com a ciência é que é independente da cultura, religião,
linguagem, tudo.
É por isto que os cientistas por todo o mundo conseguem trabalhar juntos.
Todos falamos a mesma linguagem.
(Jacque) Eles falam especificamente.
A coisa maravilhosa acerca de um desenho técnico...
Se der um desenho técnico de um automóvel à Itália,
China, França... Todos produzem o mesmo automóvel.
Porque tem uma interpretação uniforme.
(Lawrence) Eu estava agora a dar uma palestra sobre
dois resultados muito importantes que discordavam consideravelmente.
O que é que fizeram os dois grupos que discordavam consideravelmente?
Decidiram trabalhar juntos.
O seu interesse era determinar o que a natureza nos diz,
não o que eles queriam que fosse verdade.
(Jacque) Não há uma maneira chinesa de se construir aviões.
Há uma maneira matemática.
(Narrador) Estranhamente, nunca aplicámos os métodos da ciência e engenharia
numa escala global para alcançar uma organização social mais justa e equitativa.
A nossa incapacidade em fazê-lo deixa-nos continuamente à beira do esquecimento.
(Jacque) Nunca foi pedido aos cientistas para projetarem uma sociedade sem acidentes de automóvel.
Nunca lhes foi pedido para projetar uma cidade que fosse auto-suficiente.
Vejam o Projeto Manhattan. Eles foram apoiados.
Assim, construíram a bomba atómica.
Estamos a trabalhar nas coisas erradas!
UNIFICAÇÃO NUMA ESCALA GLOBAL
A sociedade de que estou a falar é uma cooperação global,
onde todas as nações trabalham para melhorar a situação da humanidade.
Agora, porquê fazê-lo?
Porque quanto mais inteligentes forem as pessoas, mais ricos e seguros toda a gente fica.
Mas no futuro, quando juntarmos todas as nações,
e elas poderem ver as vantagens em partilhar todos os recursos da Terra
e todo o conhecimento por todas as nações;
quando perceberem essa vantagem, irão juntar-se.
Senão o fizerem, irão matar-se uns aos outros.
- É a isto que a guerra sem fim nos tem levado; banditismo.
O que mais poderia acontecer?
Mas nós, que somos tudo o que resta dos antigos engenheiros e mecânicos,
comprometemo-nos a salvar o mundo.
Somos a última hipótese da civilização quando todo o resto falhou.
QUANDO O DINHEIRO SE TORNA OBSOLETO
(Narrador) Se o nosso planeta tivesse uma ameaça catastrófica comum,
como um grande meteoro em direção à Terra,
as nações iriam unir-se e recorrer à ciência e tecnologia
para resolver a catástrofe iminente.
As disputas territoriais cessariam.
Banqueiros, advogados e empresários seriam incapazes de resolver o problema.
Os recursos seriam aproveitados sem se olhar ao custo ou ao lucro.
Hoje, enfrentamos muitas ameaças comuns muito além das fronteiras nacionais.
.
Economia Baseada em Recursos
(Jacque) No mundo hoje, temos recursos suficientes
para resolver a maioria dos problemas humanos.
Podemos construir cidades, hospitais por todo o mundo,
se utilizarmos recursos.
Mas se juntasse todo o dinheiro do mundo
não há dinheiro suficiente
para se construir hospitais e habitações por todo o mundo
e financiar a educação dos estudantes.
Mas temos professores suficientes e edifícios
suficientes que podemos usar para universidades.
Temos os recursos.
O dinheiro é uma interferência; porque limita a nossa capacidade
e limita os nossos sonhos.
(Narrador) Imagine as possibilidades de uma mobilização sem precedentes
de alianças científicas e técnicas para a resolução de problemas,
sem a interferência do dinheiro ou da política,
para iniciar a unificação e restauração global.
Isto poderia facilmente permitir um padrão de vida elevado para todos.
Isto é o que Jacque Fresco tinha em mente
quando propôs uma Economia Baseada em Recursos.
(Jacque) Se o nosso planeta ficasse sem recursos,
não importa quanto ouro, dinheiro ou posses tivéssemos,
não poderíamos sobreviver.
Toda a nossa sobrevivência é baseada em recursos.
(Narrador) Crescer durante a Grande Depressão
no início da década de 1930 em Nova Iorque
foi um catalisador para o trabalho da sua vida.
O Jacque explorou muitas alternativas sociais diferentes durante esse tempo,
mas todas pareceram insuficientes.
Ele rejeitou os métodos obsoletos de ensino da época
e foram-lhe concedidos privilégios especiais pelo seu diretor.
Leu livros que promoveram o seu interesse no comportamento humano e na mudança social.
A sua investigação inicial com o treino e observação de animais
levou-o a descobertas semelhantes em pessoas também.
Concluiu que o ambiente molda os nossos valores,
a nossa identidade,
e gera o nosso comportamento.
Fresco testemunhou imenso sofrimento e escassez,
apesar da Terra ser abundante em recursos.
Viu que era nas regras do jogo
que estava o problema.
(Roxanne) O Jacque começou com imensas coisas técnicas quando era muito novo
e o que o incentivou para isso,
alguns dos seus primeiros designs,
foi o seu primo mais novo ter cortado os dedos numa ventoinha de metal.
Então o Jacque criou uma ventoinha de tecido.
Era apenas um miúdo pequeno, e levou-a à empresa de ventoinhas
e eles disseram: “Oh, boa ideia rapaz, mas não é prática.”
Depois, alguns meses mais tarde, eles lançaram-na.
Esta foi a sua primeira introdução ao sistema de livre iniciativa.
Não é livre, e não é empreendedor.
Fresco percebeu a necessidade de desenvolver todo um novo design social
que integrasse o melhor da ciência e tecnologia,
dedicado à preocupação humana e ambiental.
Para concretizar esta abordagem holística
Fresco estudou e trabalhou numa grande variedade de áreas,
como a arquitetura,
transporte,
medicina,
ciências comportamentais,
design industrial,
e outras.
Durante grande parte da sua vida, ele tem lecionado,
escrito livros,
projetado e produzido modelos e media
para introduzir métodos que poderiam funcionar para todos,
em vez de para apenas alguns indivíduos.
(Jacque) Às vezes, quando falamos sobre um novo tipo de mundo,
isso assusta as pessoas.
Elas pensam: "Bolas, é tudo técnico.
E o aspeto humano?"
E eu tive que inventar modelos
e fazer edifícios e casas
para mostrar às pessoas em que tipo de casa elas poderão viver, no futuro.
Eu não sei mesmo como será o futuro,
mas há alternativas possíveis.
Milhares de alternativas diferentes.
(Narrador) Fresco e a cofundadora, Roxanne Meadows,
construíram as estruturas experimentais para testar e ilustrar os seus designs
e proporcionar um centro de investigação para a partir do qual continuarem
a desenvolver as metas e propostas.
(Roxanne) Viemos para cá em cerca de 1980
e isto era tudo uma plantação de tomates, na sua maior parte.
Arranjámos 4 hectares e depois mais outros 4 hectares.
O Jacque queria uma ilha nas Caraíbas,
o que custava $800.000. Não conseguíamos comprar,
por isso optámos por $2.000 o hectare, aqui em Vénus.
Então, fizemos com que se parecesse com uma ilha tropical.
Plantámos centenas de palmeiras e árvores de fruto
e cavámos as hidrovias.
E depois os animais vieram.
Temos viados,
montes de aligátors, ursos, raposas, guaxinins...
Por isso vive-se mesmo em harmonia com a natureza aqui.
Isto é uma espécie de um exemplo de como seriam os arredores das cidades do Jacque.
Haveria edifícios muito próximos de outros edifícios,
mas há tantas árvores no meio
que parece que estamos a viver numa floresta.
(Jacque) Por isso o que o Projeto Vénus quer mesmo
é unificar todas as nações do mundo rumo a objetivos comuns, como:
ar limpo, água limpa, comida não-contaminada
e tornar isso disponível para todos.
Gestão Inteligente dos Recursos
O que é mesmo necessário
é uma gestão inteligente dos recursos da Terra.
Uma Economia Baseada em Recursos baseia-se na capacidade de sustento da Terra
e nos seus recursos.
Se não trabalharmos em termos de recursos existentes,
estamos a trabalhar num plano metafísico.
Numa Economia Baseada em Recursos, todos os recursos se tornariam
a herança comum de todas as pessoas do mundo.
E o acesso às necessidades da vida
seria para todas as pessoas do mundo.
Não haveria mais sistemas monetários
ou comércio, troca, ou qualquer outro sistema de servidão humana.
(Narrador) Uma Economia Baseada em Recursos permite o avanço social
e a reconstrução mundial
no menor período de tempo possível.
(Jacque) Sob escalas científicas de desempenho
poderíamos providenciar a toda a gente mais do que aquilo que precisam.
Estou a dizer que a pessoa comum neste Projeto Vénus
viverá melhor do que as pessoas mais ricas de hoje.
(Roxanne) Mas primeiro, fazemos um levantamento dos recursos da Terra.
Não o deixamos à opinião de alguém
ou de um grupo de pessoas.
Descobrimos aquilo que temos
e isso dá-nos os parâmetros daquilo com que podemos trabalhar.
Portanto descobrimos onde está o pessoal técnico,
onde está a água, onde está a terra arável,
a saúde das pessoas e as necessidades das pessoas
e construímos de acordo com isso.
Isso determinará para onde vão os hospitais,
e tudo o resto.
(Narrador) Uma Economia Baseada em Recursos opera como uma economia de carga equilibrada.
Isto significa evitar défices e sobreprodução,
otimizando-se assim a eficiência e conservando-se energia.
Não haveria excessos e haveria pouco desperdício.
Seria balanceada de acordo com as condições ambientais
e necessidades humanas.
Por exemplo, não haveria casas sem pessoas nelas,
ou comboios de carga a viajar vazios ou estacionados em recintos de carga,
dependentes do ciclo de negócios para a sua utilização.
Isto também assegura que os recursos naturais não são esgotados, como no nosso sistema atual.
(Jacque) Aqui está de onde eu tirei as ideias: o corpo humano.
O cérebro diz: "Se eu faço o raciocínio todo, eu quero a maioria dos nutrientes."
E os pulmões diriam: "Calma aí!
Se eu não oxigenar o sangue, não conseguirias trabalhar como cérebro."
Então o cérebro diz: "Está bem. Dou-te o que precisares."
Depois o fígado diz: "Se eu não filtrar, o cérebro e os pulmões morrerão."
Portanto, todos os órgãos recebem toda a porra que precisarem.
E assim, temos um sistema que funciona.
Quando apanha uma infeção no dedo do pé, não há nenhuma reunião de comité.
Nenhuma democracia, onde eles enviam um comité ao cérebro
que diz: "Há uma infeção no dedo do pé."
E o cérebro diz: "Vamos fazer um estudo de três meses."
Por essa altura, a infeção já chegou ao joelho.
(Narrador) De modo a conseguir-se a gestão inteligente dos recursos,
são utilizadas tecnologias para monitorizar e localizar bens e serviços.
Isto é similar aos processos industriais de hoje,
mas atualizados, para distribuir equitativamente bens e serviços para todos.
Esta é a base para uma Abordagem de Sistemas Global Total.
(Erik) Posso imaginar uma economia de abundância
onde os robôs fazem a maioria do trabalho,
onde a nossa comida, o nosso vestuário, o nosso abrigo são criados por máquinas.
E penso que é muito realista para nós eliminar,
eliminar completamente a pobreza absoluta em todo o mundo,
não só nos Estados Unidos, até ao ano 2035.
Ninguém precisará de passar fome novamente.
Este poderia ser um marco enorme
que é alcançável por causa da tecnologia.
(Jacque) Quando computorizarmos tudo,
e começarmos a produzir coisas e a disponibilizá-las,
será demasiado barato para se monitorizar.
(Narrador) Com os computadores mais capazes
podemos chegar a decisões mais apropriadas numa escala global.
(Jacque) Não tenho dúvidas de que se acabará
por atribuir cada vez mais tomada de decisão às máquinas.
Por exemplo, há anos atrás,
um piloto olharia para fora do avião e diria:
"Penso que estou a uns 1600 metros de altitude."
Mas hoje eles têm radares Doppler
e sabem exatamente a sua altitude.
Então, não queremos mais adivinhações humanas,
quando uma máquina pode fazê-lo.
Então vejo um futuro em que usamos computadores muito sofisticados
que tomam decisões.
Agora, como é que os computadores tomam decisões?
Eles têm os seus tentáculos estendidos ao Transporte,
Agricultura..., por isso podem dizer-lhe quando o solo está esgotado,
quando tem menos água,
porque tem sensores embutidos no solo.
O computador estará ligado
a departamentos de meteorologia, zonas de terramotos, tudo.
Então creio que no fim, o governo tornar-se-á computorizado.
(Narrador) Hoje, o computador mais rápido do mundo está na China.
O supercomputador Tianhe-2 é capaz de
33,86 mil biliões de operações de vírgula flutuante por segundo.
[Fareed Zakaria, Apresentador da CNN] Oitenta por cento do que os médicos fazem
será feito por computadores.
É mesmo verdade?
[Vinod Khosla, Sun Microsystems] Absolutamente. Não tenho qualquer dúvida.
Não irá querer um médico a fazer seu diagnóstico
ou monitorização, ou a escolher a sua terapia.
É por isso que o Watson da IBM está a tentar selecionar terapias de cancro,
porque é algo demasiado complexo para os humanos fazerem.
Há 15.000 doenças, 15.000 dispositivos, drogas, terapias, prescrições...
Acha que, se for um doente cardíaco,
que o seu cardiologista leu ao menos 100
dos últimos 5.000 artigos publicados sobre doenças cardíacas no último ano?
Sem hipótese!
- Mas o computador pode lê-los todos?
- Absolutamente!
(Erik) Poderá ter visto o Watson da IBM
derrotar o campeão mundial no jogo “Jeopardy”.
Bem, essa mesma tecnologia também pode ser usada
para resolver problemas legais, responder a questões em call centers,
fazer diagnósticos médicos...
Estas são tecnologias extraordinárias
que estão a ter enormes implicações para o futuro.
Recentemente, tive a oportunidade de andar num carro autoguiado.
Há dez anos atrás, teria dito que era impossível.
Mas, claro, aconteceu,
e andar pela estrada 101 na Califórnia
foi uma experiência emocionante para mim.
No início foi um pouco assustador. Depois foi um pouco empolgante.
E, por último, senti-me bastante confortável naquele carro.
(Vinod) Os humanos têm acidentes.
O carro sem condutor da Google já fez mais de um milhão de quilómetros sem um acidente.
Até os melhores humanos têm acidentes antes de chegarem a um milhão de quilómetros.
(Erik) Todos nós estamos a começar a ser capazes de falar para as nossas máquinas,
quer sejam telemóveis, ou computadores
e tê-las a entender o que dizemos.
Isto seria ficção científica há alguns anos atrás,
mas agora as máquinas são capazes de executar as nossas instruções
e até mesmo responder-nos com vozes de computador sintetizadas.
(Vinod) Penso que daqui a 10 - 20 anos, haverá muito poucas áreas,
talvez nenhuma, onde o juízo humano será melhor que o juízo de máquinas.
(Jacque) Então os computadores acabarão por ser encarregados de tudo,
exceto do comportamento humano.
(Repórter) A tecnologia pode eliminar erros críticos de vida ou morte.
Uma máquina, em vez de humanos, preenche as prescrições.
- O robô dá imensa confiança
porque sabemos que os farmacêuticos e técnicos de farmácia
são pessoas incrivelmente competentes,
mas são humanos, e ocasionalmente irão cometer erros.
Damos algo como 3 milhões de doses de medicamentos, em 3 meses aqui,
por isso até um taxa de erro de 1% é demasiado elevada.
(Jacque) Assim, acabaremos por ter um governo computorizado.
E isso será o fim da corrupção,
porque eles não têm ambição.
Os computadores não dizem: "Eu gostaria de ser Presidente do Mundo."
"Eu quero controlar as pessoas."
Eles não têm uma reação visceral.
(Narrador) Se utilizados nesta abordagem global de sistemas,
poderíamos superar a prática das decisões políticas
baseadas no poder e vantagem.
(Jacque) Até os peritos de computadores estão agora a escrever livros
acerca da "tomada de posse das máquinas - cuidado!"
Elas não vão assumir o controlo.
Vai ser-lhes atribuída a tomada de decisão.
(Erik) Não estou preocupado com máquinas a ficarem irritadas ou a assumirem o controlo.
Estou preocupado com pessoas eventualmente a ficarem irritadas
se não descobrirmos uma forma equitativa de usar estas tecnologias
para criar uma prosperidade partilhada.
(Narrador) O Projeto Vénus propõe maneiras de se conseguir isto.
Cidades sustentáveis interligadas utilizam cibercentros
que coordenam indústrias, sistemas de transporte,
cuidados de saúde pública, e o fluxo de bens e serviços.
Estes centros cibernetizados ligariam todas as cidades
e ajudariam na recuperação ambiental.
No início,
equipas técnicas interdisciplinares geririam a produtividade
até mesmo estas tarefas serem automatizadas.
Megamáquinas, controladas por IA,
poderiam escavar canais,
construir pontes,
viadutos,
e barragens.
Estruturas auto-erigíveis seriam expedientes
na construção de fábricas industriais,
apartamentos
e por fim, a maioria da infraestrutura global.
(Jacque) Estudamos todos os efeitos negativos antes de construirmos seja o que for.
Então há todo um grupo de engenheiros e computadores
a fazer estudos de longo prazo de todas as retroações negativas.
(Narrator) Com a ameaça das alterações climáticas,
poderemos ser forçados a assumir grandes feitos de engenharia.
O Projeto Vénus propõe escavadoras de canais automatizadas
para trazer as águas do mar em subida, para desertos abaixo do nível do mar,
permitindo-lhes florescer.
As cidades só usariam fontes de energia limpa.
Alguns dizem que isto não é possível, mas mesmo hoje,
o professor Mark Jacobson está a demonstrar o contrário.
(Mark) Então, o nosso objetivo é substituir todos os combustíveis fósseis.
Há 30 vezes mais energia solar disponível, em todo o mundo,
sobre terra e locais de grande insolação,
do que precisaríamos para abastecer o mundo inteiro
para todas as finalidades em 2030.
E há sete vezes mais vento
do que precisaríamos para o mesmo efeito.
Então pretendemos combinar
todas as fontes de energia limpa e renovável que estão disponíveis:
Vento
Energia Solar
Energia Geotérmica
Hidroelétrica, Energia das Marés e Energia das Ondas...
Precisaríamos de cerca de 4 milhões de grandes turbinas eólicas
para abastecer cerca de 50% de todo o mundo para todas as finalidades.
Poderia dizer: “Bem, isso parece muito!”
Mas tenha em mente que, durante a 2ª Guerra Mundial,
o mundo produziu cerca de 800.000 aeronaves
no espaço de 5 - 6 anos.
E os Estados Unidos produziram cerca de 330.000 aeronaves em 4 - 5 anos.
Isto foi há décadas atrás.
Agora temos melhores tecnologias
e capacidades para aumentar a produção.
Por isso, resume-se mesmo à força de vontade.
Não se trata de um bloqueio tecnológico ou económico na resolução deste problema.
É na verdade um bloqueio social e político.
CIDADES NUMA ECONOMIA BASEADA EM RECURSOS
(Narrador) A primeira cidade seria um campo de ***
para a implementação e desenvolvimento adicional
destas metas sociais.
(Roxanne) A primeira cidade seria um enorme centro de investigação
a criar sistemas automatizados para a próxima cidade.
Melhorando a primeira cidade, também.
Seria um sítio onde disseminaríamos informação,
teríamos estúdios cinematográficos,
estaríamos a criar jogos, animações a computador,
muitos media diferentes para divulgar ao público.
Seria como uma cidade universitária.
Teríamos instruções sobre
o que a sustentabilidade realmente significa para o futuro.
(Jacque) As cidades do futuro são circulares,
não por eu gostar de círculos;
porque só é preciso projetar um segmento do sistema
e depois reproduzi-lo em sectores fatiados
e isto seria a forma mais económica.
Quando se constrói "subúrbios", é espalhado.
Depois tem de se ir numa direção para o dentista,
noutra para as compras,
noutra para o médico...
Este sistema é autónomo.
Há geradores eólicos.
Todos os telhados são de geração solar.
Todo o lixo e desperdício é reciclado debaixo do solo,
por baixo destas estradas.
Todas as estradas contêm canalizações em ambos os sentidos,
e usamos toda esta água quente
para operar o ar condicionado e as necessidades da cidade.
Agora, aqui é onde está a zona residencial,
se trabalhar no centro médico,
pode viver aqui, se preferir.
Então isto é, essencialmente, uma coleção de variações em casas.
A sua casa irá variar para se adequar às suas necessidades.
(Narrador) Os designs de Fresco são um mostruário
da harmoniosa coexistência entre natureza e tecnologia.
(Jacque) Agora, algumas pessoas não gostam de viver em casas individuais.
Preferem viver em apartamentos
porque há um ginásio,
grupo de teatro, grupo de discussão,
recreação de todos os tipos...
Por isso, o arranha-céus do futuro
vai oferecer mais comodidades.
(Roxanne) Esta é a Cintura Recreativa.
Existiriam centros de arte, centros de música,
áreas recreacionais...
(Jaque) Estes são caminhos para bicicleta.
Há campos de ténis,
e estes são campos de golfe.
Mas os campos de golfe têm um clube
com todos os tacos de golfe,
para que não tenha de trazer nada para o campo de golfe.
Ficaria ali, a jogar golfe
e quando terminasse deixaria lá os tacos.
Estes são edifícios de acesso
onde qualquer um pode aceder a livros,
um violino, instrumentos musicais...
Qualquer coisa que eles queiram é grátis e está disponível.
(Roxanne) Estes são Centros de Investigação.
Tudo o que é estudado nestas áreas é para melhorar o seu nível de vida,
e o de todas as pessoas ali.
Não haveria advogados, banqueiros,
agências publicitárias, agentes de seguros, comerciais...
Sem dinheiro, não é preciso nenhuma destas coisas.
Assim poderíamos avançar logo para a resolução de problemas comuns a todos.
É nisso que estaríamos a trabalhar.
Hoje em dia, lutamos por causa de valores diferentes,
e lutamos por causa de recursos escassos.
No futuro, não teremos de fazer isso.
Estaríamos a trabalhar cooperativamente
para melhorar o nível de vida de todos.
(Jacque) Muitas pessoas pensam que eu quero dar coisas às pessoas em troca de nada,
e que isso irá estragar as pessoas.
O facto de ter nascido na América,
não teve nada a ver com o avião,
o telefone, os caminhos-de-ferro...
Está tudo aqui, e você tem sorte, porque herdou isto.
Apenas por nascer aqui.
Isso não o estraga.
Portanto não há realmente base para o crime,
já que todos têm acesso a tudo o que precisam.
Ninguém lhe vai bater na cabeça e levar-lhe a carteira.
Porque já não há dinheiro lá dentro.
O Sistema Monetário foi ultrapassado.
(Erik) E quando tivermos esse tipo de economia de abundância,
a maioria de nós irá poder gastar a maioria do nosso tempo
a fazer as coisas que gostamos de fazer.
O tipo de coisas que talvez já tenha visto
os atenienses fazerem na sua era dourada.
Eles tinham escravos humanos para se encarregarem das suas necessidades básicas.
Nós podemos fazê-lo com robôs.
- Fantástico!
E o que sugeriria aos cozinheiros
e às donas de casa do mundo para fazerem com todo esse tempo extra?
(Jacque) Existe uma ilha chamada Ilha de Man.
Nessa ilha, existe um riacho lá em baixo
e as mulheres usavam uma vara
e iam lá abaixo e traziam dois baldes de água
e subiam até à sua casa lá em cima,
onde coziam e cozinhavam comida.
As mulheres tinham de esfolar animais
e obterem a gordura animal para operar as suas lâmpadas.
E se alguém tivesse dito às mulheres:
"Um dia, ligarão um aparelho e a água irá correr
à velocidade que quiserem, sem terem de ir lá abaixo ao rio.
E um dia, irão pressionar um botão e as luzes irão acender
e não terão de esfolar gordura animal."
E a mulher diria: "Sim, mas o que irão as mulheres fazer?"
As pessoas irão envolver-se em como viver,
como se relacionar, viajar, fazer mergulho,
recuperar os corais e os oceanos que danificámos,
limpar o oceano e a atmosfera.
Tanto que não sabemos.
E poderá voltar para a escola, gratuitamente.
E todas as cidades serão cidades universitárias
onde será atualizado acerca do que é novo.
PARTE IV
(Narrador) Reexaminaríamos tudo.
Desde as nossas organizações sociais e processos de construção
ao nosso sistema de valores.
Vamos explorar como este novo conceito social funcionaria
numa Economia Baseada em Recursos.
Não é apenas arquitetura; é uma forma de pensar.
Valores Atualizados numa Economia Baseada em Recursos Global
(Jacque) Nós ainda temos atraso neural.
É difícil para nós avançarmos para o futuro
sem arrastarmos parte do passado.
Nós não faremos parte dos livros de história do futuro.
Somos ignorantes a esse ponto.
Não em tecnologia; estamos a ir bem em computadores e eletrónica.
Mas o sistema de valores humano não está a avançar suficientemente rápido.
Eu diria que as pessoas seriam muito mais produtivas,
muitos mais humanas...; pessoas muito mais felizes.
É essa a questão. Serão as pessoas mais felizes com nova tecnologia?
Não, não apenas com nova tecnologia,
mas com um sistema de valores e nova tecnologia.
Opinião
Em muitas ocasiões, perguntamos às pessoas a sua opinião.
Acha que o Homem alguma vez chegará à Lua?
Eles poderão dizer: "Talvez daqui a 10.000 anos",
em vez de dizerem: "Eu não sei o suficiente acerca disso para lhe dar uma resposta razoável."
É assim que se fala.
Mas eles têm opiniões sobre tudo.
"Haverá sempre guerra, sempre houve guerra
porque o Homem é ganancioso!"
É isto que "repetem"; um ciclo daquilo que ouviram no passado.
Ganância - A questão é, senhoras e senhores,
que a ganância é boa.
A ganância está certa. A ganância funciona.
(Roxanne) As pessoas são reforçadas nesta cultura para serem gananciosas.
Quanto mais se tem, mais se abusa das outras pessoas
de maneira a obter-se o que temos.
Somos vistos como sendo bem-sucedidos.
Admiramos as pessoas com dinheiro que têm essas coisas.
E normalmente obtêm-nas à custa de outras pessoas, das quais terrivelmente abusam.
Por isso, não nascemos a ser gananciosos.
(Jacque) As pessoas pensam que não podemos mudar a natureza humana.
Se não a pudéssemos mudar, ainda estaríamos a viver em cavernas.
Logo, estamos a sofrer mudanças.
Portanto a natureza humana não é fixa
e a ganância é causada pela escassez
ou falta de recursos.
Escassez
(Roxanne) Há alguns animais que são muito dóceis.
As vacas no campo ao lado; não se magoariam umas às outras de todo.
Mas quando nos aproximamos delas com laranjas,
porque há uma escassez de laranjas,
elas começam a marrar-se umas às outras.
Então é mesmo uma questão de escassez.
O que o Projeto Vénus está a tentar fazer
é eliminar a escassez e produzir abundância.
E pela primeira vez na História, podemos fazê-lo
porque temos a tecnologia
necessária para proporcionar às pessoas tudo o que precisam.
Inteligência
(Jacque) Algumas pessoas acreditam que existe algo como a inteligência humana.
Lembre-se que um engenheiro eletrotécnico inteligente de há 75 anos
não conseguiria arranjar emprego hoje.
Então o que anteriormente chamou de inteligente, era inteligente nessa altura
dentro desse quadro de referência.
É um processo contínuo.
Agora, qual é o verdadeiro significado de inteligência?
A capacidade de extrair informação significativa de qualquer situação.
Eu diria que depende dos próximos 20 anos.
Saberemos se existe vida inteligente na Terra.
Depende do que fizermos acerca do ambiente
e do que fizermos acerca do problema humano:
pobreza, fome no mundo, doença e desperdício de recursos.
Se aprendermos a gerir os recursos da Terra inteligentemente,
podemos superar a maioria dos problemas num período de tempo relativamente curto.
Criatividade
A criatividade é pegar em sistemas conhecidos
e misturá-los de maneiras únicas,
e acrescentar algumas coisas para melhorar o produto.
Isto é válido para a música, arte, desenhos, invenção...
Mas se estudar a história da invenção,
verá uma relação e a ligação de todas estas variáveis.
Conceitos Ultrapassados de Motivação
Penso que faz parte da propaganda de cada sistema,
que diz às pessoas que o ganho financeiro é a principal motivação das pessoas.
É verdade que as pessoas estão interessadas em dinheiro,
mas há outras pessoas que são motivadas por outros interesses.
Investigação médica; pessoas que lhe dedicam a vida.
Há pessoas que trabalham arduamente e poupam dinheiro
e vão para África e gastam todo o seu tempo a tentar ajudar pessoas.
Não são motivadas por dinheiro.
E eu suspeito de pessoas que são apenas motivadas por dinheiro.
- E a porra de um relógio de ouro de $40.000!
Não é uma motivação saudável.
Se quer saber o que mata o incentivo...
Se der às pessoas a quantidade mínima de dinheiro;
o mínimo de férias, trabalho duro e sujo sem futuro...
Um homem a lavar pratos num restaurante...
Trazem uma pilha nova a cada 20 minutos.
E ele não vê saída. Nunca poderá comprar uma casa ou ter um carro.
Ele não tem o suficiente.
Então que incentivo é isso?
Mas ele tem de lavar pratos, porque tem duas crianças.
Tem de os alimentar.
E isso não é bom para a saúde mental, de todo.
Motivação numa Economia Baseada em Recursos
O que irá motivar as pessoas?
Um mundo sem guerra, pobreza, fome,
perda de emprego, perda de ordenado...
Os seus incentivos e opções são tremendos.
Milhares de coisas diferentes para fazer,
agora que tem a sua comida, e habitação, e educação.
Agora, vai trabalhar
na resolução, não de todos os problemas,
mas de todos os problemas dessa época.
Egoísmo Funcional numa Sociedade Cooperativa
Então fazêmo-lo porque somos funcionalmente egoístas;
querendo dizer, ser egoísta para si mesmo, apenas, é prejudicial.
Mas funcionalmente egoísta significa:
tomar conta do ambiente,
partilhar ideias com as pessoas,
e desta forma, todos ganhamos.
Eles conseguem ver, todos os dias nas notícias,
que tudo o que fazem vai para toda a humanidade.
Assim toda a gente no mundo representa
uma extensão à sua vida,
ao invés de todos a vender-se a si próprios
e a lucrarem uns dos outros.
Têm agora o tempo para apreciar o que o novo mundo faz.
E todos os filmes do futuro mostrar-lhes-ão o que se passa
por todo o mundo,
e o que é novo, e que têm livre acesso ao que é novo.
Porque toda a gente se preocupa com todos o outros.
UTOPIA
Eu gostaria de eliminar a palavra “Utopia”. Não existe tal coisa.
É como projetar a melhor cidade possível.
Não é possível!
Podemos projetar uma cidade muito melhor,
mas à medida que o tempo avança, com novas invenções,
está sempre no processo de mudança.
Somos civilizados? Claro que não!
É um processo contínuo.
As pessoas pensam: “Bem, as suas ideias são utópicas.”
Isto não é utópico.
É tecnologia aplicada e eficiência.
Sociedade Emergente
O que queremos é uma sociedade emergente, que nunca se estabelece.
Sempre a aprender coisas novas; sempre a mover-se rumo à mudança.
E ajudar as pessoas a ajustar-se, emocionalmente e intelectualmente, para esperarem a mudança.
Mudar para melhor.
Moralidade
Se o ambiente for estruturado,
produz aquilo a que chamaria comportamento ético e moral.
Mas se não alterar o ambiente,
continuará a produzir o que tem agora.
Então, o ambiente tem de ser mudado.
Isto quer dizer as escolas, as coisas que aprendemos, a nossa linguagem...
Todas estas coisas têm de ser atualizadas.
Penso que as pessoas serão éticas face à natureza do mundo.
Éticas, não porque é dito num livro,
são éticas porque é melhor para elas
e melhor para a sociedade.
Então a nova ética é baseada
na capacidade de sustento da Terra, e não na minha opinião.
Direitos Humanos
Será uma democracia?
Nunca foi uma democracia.
Tem sido corrupto desde o início, só que nunca foi divulgado.
Votou pelo programa espacial?
Votou pela construção de navios de guerra?
Votou por alguma guerra?
Que raios quer dizer com democracia participativa?
Nunca existiu. São palavras.
Sempre que ouvir democracia e liberdade, cuidado!
Significa que não existe.
Num mundo onde existe,
não há proclamações quanto a Direitos Humanos.
Está incorporado no sistema.
Estudos sobre negros, estudos sobre mulheres...
fazem todos parte de um sistema que ainda não alcançou isso.
Emoções
No futuro, por exemplo,
se dissesse: “Devia haver mais simpatia no mundo,
e mais cooperação”,
eles diriam: “Como é que isso se faz?”
Se não tiver nada a oferecer, eles dirão: “Porque é que faz barulhos?”
Não aceitariam isso como sendo algo sensato.
As emoções são supérfluas face à tarefa.
Os seus sentimentos no futuro, todas as emoções,
serão traduzidas para um padrão de ação.
Fará investigação médica sobre como desenvolver...
para os ossos que estão a enfraquecer, como fortalecê-los,
como melhorar a saúde das pessoas...;
quando as emoções são traduzidas para atos,
ao invés disto [rezar].
Amor
Agora, outra coisa que confunde muito as pessoas
é a palavra “Amor”.
O que aconteceria se vivesse com uma réplica de si mesmo?
Quanto tempo pensa que estariam juntos?
Quão rápido entrariam em conflito?
Ama-se a si mesmo a toda a hora?
Claro que não!
Como pode amar outra pessoa?
Só ama certas coisas sobre as pessoas
e certas coisas sobre si mesmo.
A palavra “amor” irá desaparecer no futuro,
e será substituída por uma nova definição, chamada “extensionalidade”,
querendo dizer, melhorar a vida um do outro.
“Amo-te” são só palavras vazias que nada manifestam.
É o modo como as pessoas se comportam uma com a outra que indica amor.
Consciência
Há outra coisa que é muito perigosa;
afirmar estar-se “ciente”, ou “consciente”.
Ouve-se a toda hora: “Pelo menos sou consciente.”
Normalmente encontro-me com essas pessoas e digo: “Onde fica o seu fígado?”
- "Hmm, bem, não tenho certeza."
Com que velocidade o sangue se move pelas suas veias e artérias?
Qual é a área do cérebro que controla a criatividade?
Que área é responsável pelas emoções?
O que quer dizer com consciência?
Um ser humano, no topo do edifício Empire State, consegue ver uma bola de 1 metro.
Mas um falcão consegue ver uma moeda, e ver se é cara ou coroa.
O termo usado - consciência, ou estar ciente - é limitado aos nossos sentidos.
Então nunca poderemos ser “conscientes”.
Podemos crescer, por etapas,
e perceber, talvez, um pouco mais sobre muitas outras coisas.
Mas nunca poderemos alcançar a “consciência”,
porque não vemos raios gama, raios cósmicos...
Não vemos todas estas coisas sem instrumentação.
Religião
A religião tem um livro antigo, com muitos mitos.
Repleto de mitos. E não muda todos os anos. Considere isto.
Um cientista tem um livro de astronomia.
Todos os anos, esse livro sofre mudanças.
Se tiver um livro sobre eletrónica que tenha dois anos, está obsoleto.
Então, passam por mudanças.
Aqui está um pastor, com esse único livro debaixo do braço;
uma interpretação verdadeiramente simplista da Terra.
E apela ao que as pessoas receiam: o que acontece depois da morte.
(Lawrence) O que acontece agora é que os mitos e superstições estão generalizados,
não por não termos melhores maneiras de perceber as coisas,
mas porque as pessoas querem acreditar em coisas que as fazem sentir melhor.
Propósito
(Jacque) Depois dizem-lhe na escola que tudo na natureza tem um propósito;
como: “Qual é o propósito da vida?”, e tudo isso.
Dizem: “O propósito das sobrancelhas
é desviar o suor para o lado.”
Isto quer dizer que há um projetista.
E qual é o propósito de tossir e espirrar?
Infetar outras pessoas?
Dizem que o propósito dos chifres num animal é para ele se proteger.
Eu disse: “Qual é o propósito daqueles chifres?”
Disseram: "São para abalroar outros animais."
Eu disse: “E se os chifres forem para os lados?”
- "Bem, isso é para os proteger de lado."
E se forem para trás? Isso é para os proteger por trás? Não!
Os animais nascem com chifres em todas as direções,
e aprendem a usá-los.
(Lawrence) As pessoas esperam que haja um propósito cósmico para a sua vida.
Mas, de facto, a ciência, tanto quanto sabemos,
diz-nos que não há provas de que haja um propósito para o universo.
Quer isto dizer que não há um propósito para o universo?
Não. Não podemos prová-lo.
Simplesmente não há provas de um universo com propósito,
e efetivamente o universo age como se não tivesse um propósito.
Agora, deve isto deprimir-nos? Na minha opinião, não, porque,
o que significa é que o propósito das nossas vidas é aquele que nós criamos.
Lealdade à Metodologia
(Jacque) Não queremos que as pessoas tenham lealdade a corporações, ou a um país.
Queremos que tenham lealdade à metodologia,
e lealdade à invenção, querendo dizer, melhorar todas as coisas que existem.
Torná-las melhores, mais inteligentes, mais rápidas...
E disponibilizá-las a todos as pessoas.
Este é o tipo de lealdade que é preciso.
Se a China se lembrar de um novo método de produzir automatismos;
Parabéns!
Se os africanos se lembrarem de uma grande ideia; Parabéns!
Acabou-se a lealdade a corporações; ao país.
Lealdade à Terra e a todas as pessoas nela.
E fazer da Terra um sítio bem melhor do que é.
Este é o tipo de lealdade de que estou a falar.
Este é o tipo de juramento de fidelidade de que estou a falar.
Jurar fidelidade à metodologia.
(Narrador) Se conseguirmos chegar a um futuro mais são,
as tarefas serão sobre a resolução de problemas comuns a todas as pessoas.
(Jacque) Temos de antecipar que a Terra é a nossa salvação.
Se não cuidarmos dela, não importa quantas igrejas construímos,
iremos morrer à fome e matar-nos uns aos outros.
(Narrador) Os verdadeiros desafios são produzir abundância,
recuperar ambientes danificados,
partilhar e criar tecnologias inovadoras,
e melhorar a comunicação entre as pessoas.
(Jacque) Sei que podemos construir um mundo bem melhor, sem guerra,
sem a maioria dos crimes, sem a necessidade de prisões,
e sem a necessidade de dinheiro.
Podemos superar isso. Temos a capacidade técnica
para disponibilizar as coisas a todos.
Todas as maravilhas da tecnologia não têm qualquer significado
a menos que melhorem as vidas de todos.
(Narrador) A visão da ciência aplicada pode servir o bem comum.
E embora este objetivo tenha escapado à civilização humana durante séculos,
a possibilidade de uma vida melhor para todos
dependerá, em última análise, das escolhas que fizermos hoje.
“Se pensa que não podemos mudar o mundo,
isso só significa que não será um daqueles que o farão.” ~Jacque Fresco
Junte-se aos que trabalham para tornar o Projeto Vénus uma realidade.
www.TheVenusProject.com
Traduções por Linguistic Team International http://forum.linguisticteam.org